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ARGENTINA
Lentidão da Justiça dificulta punição de crimes da ditadura
DE BUENOS AIRES
Um relatório do procurador-geral da Argentina, Esteban Righi, mostra que, apesar da decisão política do governo Néstor Kirchner de
permitir e até incentivar a
reabertura de processos contra supostos autores de crimes durante o último regime
militar no país, a complexidade das causas e a lentidão
da Justiça fazem com que a
maioria desses processos esteja longe de ir a julgamento.
O relatório, enviado por
Righi à Corte Suprema de
Justiça e revelado ontem pelo jornal "La Nación", lista
como principais motivos para o fato de até hoje apenas 11
das cerca de 850 causas reabertas terem ido a julgamento: a concentração de 40%
delas em um só tribunal, a dificuldade de conseguir juízes
no interior, a falta de pessoal
e recursos nos tribunais e a
quantidade de testemunhas.
A demora põe em risco os
casos contra parte dos 300
acusados. A ditadura terminou em 1983 e hoje a maioria
dos processados já tem mais
de 70 anos.
Desde que as leis de perdão
promulgadas no governo
Raúl Alfonsín (1983-1989)
foram revogadas primeiro
pelo Congresso, em 2003, e
depois pela Corte Suprema,
em 2005, só dois julgamentos terminaram: o policial
Julio Simon e o delegado Miguel Etchecolatz foram condenados por violações de direitos humanos. O relatório
de Righi sugere a unificação
de causas (há mais de 850
processos), mas isso esbarra
na legislação penal argentina
e na resistência dos próprios
juízes.
(RODRIGO RÖTZSCH)
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