DA ENVIADA A SANTA CRUZ

A anunciada disposição ao diálogo dos oposicionistas -o presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz, Branko Marinkovic, disse ter ordenado a suspensão dos bloqueios nas estradas do departamento em nome da negociação - ainda estava sendo posta à prova à noite, em reunião em La Paz. Mas as declarações de flexibilidade ao longo dia serviram para baixar a temperatura na cidade de Santa Cruz de la Sierra.
Anteontem à noite, grupos de autonomistas exaltados armavam-se não só de pedras, rojões e paus. Organizadores da União Juvenil Cruzenha, radical, distribuíam lanças de madeira afiadas na praça central de Santa Cruz, junto com a janta que vinha em quentinhas.
Cerca de 300 autonomistas no local prometiam que, se morresse o jovem Edson Ruiz, 25, sobrinho do prefeito de La Guardia, cidade vizinha a Santa Cruz, levariam o cadáver para que fosse velado na praça.
"Todos terão de ver que um jovem morreu e precisará ser vingado", dizia chorando ao megafone a jovem Maria Javier Gonzáles, 19, com sua lança.
Ruiz sofreu traumatismo craniano quando, junto com 50 correligionários, foi atacar um bloqueio mantido por camponeses pró-Evo Morales, na estrada velha para Cochabamba.
A estrada nova para Cochabamba estava bloqueada pelos autonomistas. É uma entre as várias que a oposição prometeu devolver ontem. Ruiz seguia ontem em coma na Clínica Foianini, em Santa Cruz.
À tarde, o governador de Santa Cruz, Rubén Costas, foi visitá-lo no hospital e agradeceu a luta em nome da autonomia.
No início da noite, o Comitê Cívico Feminino convocou uma missa na catedral de Santa Cruz em memória às vítimas de Pando. "Rezamos pelos feridos e pelos irmãos que morreram no departamento de Pando, fruto da violência", afirmou o padre. Ao sair da cerimônia, Marinkovic acusou o governo de "semear terror e morte".
(LAURA CAPRIGLIONE)

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