São Paulo, terça-feira, 15 de setembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Irã e potências discutirão em outubro programa nuclear

Anúncio vem dias depois de Teerã entregar proposta de retomada de diálogo

Evolução nas conversações foi elogiada em conferência da AIEA; agência iraniana de notícia diz que a Turquia se dispôs a receber o encontro


DA REDAÇÃO

Um encontro de autoridades do Irã com o P5+1 -membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha- foi marcado para 1º de outubro, informou ontem Javier Solana, chefe da diplomacia da União Europeia. O anúncio acontece menos de uma semana depois de Teerã ter entregado uma proposta às potências de retomada do diálogo internacional sobre seu programa nuclear.
Solana, que é o encarregado de mediar as conversas entre Teerã e o P5+1, afirmou que participarão da reunião representantes de cada um dos países do grupo (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha). Do lado iraniano estará o negociador do país em questões nucleares, Saeed Jalili. Segundo a agência de notícias iraniana Irna, a Turquia se dispôs a receber o evento.
As declarações de Solana ecoaram em Viena, na abertura da conferência da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à ONU. A conferência oficializou o japonês Yukiya Amano como o próximo diretor-geral do órgão. Amano foi eleito em julho pelo conselho diretor da agência e vai tomar posse em dezembro.
"Espero sinceramente que este seja um bom marco de diálogo com o Irã", afirmou o futuro diretor-geral da AIEA.
O representante dos EUA na conferência também mostrou entusiasmo. "Este é um primeiro passo importante", disse o secretário de Energia dos EUA, Steven Chu, durante a reunião da AIEA. O governo americano havia anunciado que as negociações ficariam abertas só até o fim de setembro.
Menos otimista, Carl Bildt, chanceler da Suécia, que detém a presidência rotativa da União Europeia, pediu comedimento quanto às expectativas do encontro, já que há ainda muitas divergências.
O encontro representa uma retomada nas negociações entre as partes depois de um ano de interrupção. A última rodada, ocorrida em julho de 2008 em Genebra, fracassou depois da recusa do Irã em discutir o enriquecimento de urânio.
A posição do país persa sobre o assunto não mudou formalmente desde então. Mas os EUA e seus aliados concordaram em realizar as conversações com Teerã, esperando que espaços para discussões mais amplas surjam depois.
O governo iraniano afirma que seu programa nuclear busca a obtenção de energia para fins civis, mas há suspeitas de que ele vise produzir bombas.
Segundo os termos do Tratado de Não Proliferação Nuclear, do qual o Irã é signatário, o país pode ter um programa atômico civil, desde que em cooperação com a AEIA.
O atual chefe da agência, o egípcio Mohamed El Baradei, disse que precisam ser esclarecidas "questões que lançam dúvidas sobre a natureza pacífica" do programa nuclear iraniano.
Baradei cobrou ainda que o Conselho de Segurança da ONU dê mais respaldo às inspeções da agência para evitar a disseminação de tecnologia da bomba atômica, em vez de basear as ações em sanções, o que, segundo ele, frequentemente se mostra ineficaz.

Com agências internacionais



Texto Anterior: Brasil faz pressão, e hondurenho é expulso de reunião da ONU
Próximo Texto: Polícia de Nova York entra em casas para investigar terrorismo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.