São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2011

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Para Israel, Palestina afrontaria a ONU

Cônsul do país no Brasil diz que entidade não pode incorporar um Estado com `terroristas' que `nem a reconhecem'

Ilan Sztulman diz que falhou tentativa de demover 'amigo' Brasil do apoio aos palestinos

ISABEL FLECK
DE SÃO PAULO

Israel até tentou, mas não conseguiu convencer o Brasil a não apoiar o reconhecimento do Estado palestino na Assembleia Geral da ONU, na próxima semana, admite o cônsul-geral do país em São Paulo, Ilan Sztulman.
Em entrevista à Folha, ele criticou o fato de seus aliados na Assembleia terem o mesmo peso de qualquer outro país -diferente do Conselho de Segurança. "Sempre vamos ter uma minoria."

Folha - Qual a expectativa de Israel em relação à votação para o reconhecimento do Estado palestino na ONU?
Ilan Sztulman - Esse movimento palestino é muito ineficiente e não toca a raiz do problema. O Estado de Israel não se opõe à existência de um Estado palestino, mas sim à tentativa de criá-lo com uma decisão unilateral. É como querer reconciliar um casal com uma ordem de alguém de fora da família.

Para Israel, muda em alguma coisa a Palestina tornar-se Estado membro ou não membro da ONU?
Não, a diferença é técnica, dentro do fórum da ONU. Mas vai ser quase uma afronta para o status de instituição da ONU reconhecer um Estado que terá como ministros terroristas [do Hamas] que nem reconhecem a ONU.

Israel tem feito campanha para evitar a votação na ONU?
Tentamos convencer os nossos amigos, inclusive o Brasil. Mas não conseguimos -o governo brasileiro já reconheceu o Estado palestino e vai provavelmente apoiar [o reconhecimento na ONU].
Também temos um ponto fraco na Assembleia Geral, onde cada país tem um voto -não é segundo o tamanho, a importância ou a relevância do país, como no Conselho de Segurança. Ali, sempre vamos ter uma minoria. E é muito difícil convencer quem está de fora, porque a sua percepção é muito diferente.

Isso ocorre com o Brasil?
Não posso dizer que o Brasil tenha uma percepção incorreta, porque isso é subjetivo. Mas, quando veem as coisas de perto, as pessoas mudam sua perspectiva e, por isso, sempre convidamos o governo brasileiro a nos visitar. O governo brasileiro vê o assunto palestino, o assunto iraniano de forma diferente do que nós e os nossos amigos vemos.

As recentes ações de Israel contra a Turquia e o Egito causaram um isolamento diplomático do país?
Não. O que está acontecendo na Turquia e no Egito são processo sociais internos, como o que ocorre na Líbia, na Síria. No Egito, [a invasão da embaixada de Israel] foi fruto de um grupo que não quer a democracia. Não tem nada a ver conosco.


FOLHA.com
Leia a íntegra da entrevista no site
folha.com/no975495




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