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MISSÃO NO CARIBE
Chanceler reclama do atraso das tropas da ONU e da liberação de verbas; EUA autorizam saída de diplomatas
Amorim pede urgência para pacificar Haiti
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O chanceler Celso Amorim pediu ontem "urgência" no reforço
das tropas estabilizadoras da
ONU no Haiti e na liberação de
verbas para a reconstrução do
país, assolado pelo conflito rebelde que exilou o presidente Jean-Bertrand Aristide no começo do
ano e devastado pelo furacão
Jeanne em setembro. Os EUA autorizaram a saída de parte de seu
corpo diplomático do país.
Segundo ele, a situação é "delicada" e a comunidade internacional precisa agir rapidamente. Dos
6.700 homens que deveriam estar
na Missão Estabilizadora das Nações Unidas para o Haiti, liderada
pelo Brasil, apenas 3.200 foram
enviados -1.200 são brasileiros.
"Enquanto o reforço das tropas
não chegar, vai ser difícil melhorar a situação", alertou Amorim.
O ministro também demonstrou impaciência com o atraso na
remessa de verbas para reconstrução de infra-estrutura. Cerca
de US$ 1 bilhão já foi alocado, mas
só pode ser aplicado com a aprovação de projetos.
"Não é possível que se fique
eternamente dependendo da elaboração de projetos para coisas
tão simples como a desobstrução
de canais ou o recapeamento de
pistas. Isso tudo criaria empregos,
e os criará, mas tem de ser urgente", afirmou o chanceler.
Na semana passada, Amorim
pediu ajuda ao secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, para solicitar a desburocratização desse processo à ONU.
A situação haitiana piorou recentemente, com incidentes violentos em Porto Príncipe. Ao menos 48 pessoas morreram nas últimas duas semanas na capital.
"É uma situação delicada, mas
confiamos que as tropas que estão
lá, com o apoio das que devem
chegar rapidamente, incluindo
forças policiais, conseguirão controlar a situação", disse Amorim.
O Brasil pressiona por uma ação
política internacional para incentivar o diálogo. O governo haitiano culpa correligionários de Aristide pela violência na capital, enquanto ex-militares armados têm
invadido prédios públicos.
"Também é preciso uma ação
política. Temos dado todo o apoio
ao nosso alcance ao enviado especial da ONU, o embaixador Juan
Gabriel Valdez, e acabamos de enviar um emissário ao Haiti", disse.
O Departamento de Estado
americano autorizou ontem seu
corpo diplomático em serviços
não essenciais e familiares de funcionários a abandonar o Haiti.
Washington também desaconselhou viagens ao Haiti.
Com agências internacionais
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