São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2004

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MISSÃO NO CARIBE

Chanceler reclama do atraso das tropas da ONU e da liberação de verbas; EUA autorizam saída de diplomatas

Amorim pede urgência para pacificar Haiti

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O chanceler Celso Amorim pediu ontem "urgência" no reforço das tropas estabilizadoras da ONU no Haiti e na liberação de verbas para a reconstrução do país, assolado pelo conflito rebelde que exilou o presidente Jean-Bertrand Aristide no começo do ano e devastado pelo furacão Jeanne em setembro. Os EUA autorizaram a saída de parte de seu corpo diplomático do país.
Segundo ele, a situação é "delicada" e a comunidade internacional precisa agir rapidamente. Dos 6.700 homens que deveriam estar na Missão Estabilizadora das Nações Unidas para o Haiti, liderada pelo Brasil, apenas 3.200 foram enviados -1.200 são brasileiros.
"Enquanto o reforço das tropas não chegar, vai ser difícil melhorar a situação", alertou Amorim.
O ministro também demonstrou impaciência com o atraso na remessa de verbas para reconstrução de infra-estrutura. Cerca de US$ 1 bilhão já foi alocado, mas só pode ser aplicado com a aprovação de projetos.
"Não é possível que se fique eternamente dependendo da elaboração de projetos para coisas tão simples como a desobstrução de canais ou o recapeamento de pistas. Isso tudo criaria empregos, e os criará, mas tem de ser urgente", afirmou o chanceler.
Na semana passada, Amorim pediu ajuda ao secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, para solicitar a desburocratização desse processo à ONU.
A situação haitiana piorou recentemente, com incidentes violentos em Porto Príncipe. Ao menos 48 pessoas morreram nas últimas duas semanas na capital.
"É uma situação delicada, mas confiamos que as tropas que estão lá, com o apoio das que devem chegar rapidamente, incluindo forças policiais, conseguirão controlar a situação", disse Amorim.
O Brasil pressiona por uma ação política internacional para incentivar o diálogo. O governo haitiano culpa correligionários de Aristide pela violência na capital, enquanto ex-militares armados têm invadido prédios públicos.
"Também é preciso uma ação política. Temos dado todo o apoio ao nosso alcance ao enviado especial da ONU, o embaixador Juan Gabriel Valdez, e acabamos de enviar um emissário ao Haiti", disse.
O Departamento de Estado americano autorizou ontem seu corpo diplomático em serviços não essenciais e familiares de funcionários a abandonar o Haiti. Washington também desaconselhou viagens ao Haiti.


Com agências internacionais


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