|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Soldados que vão ao Haiti treinam como polícia
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A CAÇAPAVA
Em vez de munição de verdade,
a espingarda calibre 12 dispara
balas de borracha. Já as granadas
de luz e som substituem os artefatos bélicos que soltam estilhaços
muitas vezes mortais. É com equipamento e treinamento parecidos
aos de uma tropa de choque que o
quarto contingente militar brasileiro treina para a difícil tarefa de
fazer a segurança da violenta e
paupérrima capital haitiana, Porto Príncipe, a partir de dezembro,
em plena campanha eleitoral.
"Houve um grande aumento
desse tipo de treinamento. A intenção é que se obedeça ao princípio da proporcionalidade, que é o
de causar menos danos", disse à
Folha o tenente Borges Campos.
Integrante do segundo contingente (dezembro de 2004 a junho), ontem ele instruía os futuros enviados num campo do
Exército em Caçapava, sob um calor "haitiano" em torno dos 30C.
"Do segundo contingente para
cá, aumentou também a variedade desse tipo de armamento. Agora, por exemplo, há granadas de
efeito moral", disse o tenente.
Todos os integrantes do Batalhão Haiti, formado por 1.050 homens, treinarão com as armas
não-letais. No primeiro contingente, apenas os militares vindos
da Polícia do Exército tinham essa
preparação. Cada contingente fica seis meses no Haiti.
A maioria do batalhão é formada por militares de São Paulo e do
Rio de Janeiro.Também será enviada uma companhia de engenharia de 150 homens escolhidos
de unidades da Amazônia. Ao todo, o contingente brasileiro tem
1.200 homens.
"O armamento não-letal é usado para conter manifestações e visa o processo eleitoral", disse o
coronel Luiz Augusto Santiago,
futuro comandante do Batalhão
Haiti. "Você não leva um fuzil ao
Haiti para empregar como se estivesse num combate. Não há inimigo no Haiti. Há, quando muito,
uma força adversa."
O coronel Santiago, no entanto,
nega que a missão brasileira tenha
se transformado numa tarefa policial. "Realizamos, dentro da
missão que nos foi dada, operações do tipo policial, como uma
blitz. Mas, juridicamente, são atribuições diferentes."
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: América Latina: Gutiérrez é detido ao voltar ao Equador Índice
|