São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2005

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AMÉRICA LATINA

Ex-presidente, que chegou ontem ao país após seis meses de exílio, afirmou que iria "retomar o poder"

Gutiérrez é detido ao voltar ao Equador

DA REDAÇÃO

O ex-presidente do Equador Lucio Gutiérrez foi preso na noite de ontem assim que desembarcou no aeroporto de Manta (260 km de Quito) e levado para uma cela comum.
Gutiérrez, que estava exilado, voltava de Bogotá, na Colômbia, com o objetivo de "retomar o poder". Afastado pelo Congresso equatoriano em 20 de abril, o ex-presidente desafiou uma ordem de prisão contra ele.
Antes de deixar Bogotá, Gutiérrez disse à agência France Presse que se sentia "imensamente feliz" em regressar ao seu país, apesar do anúncio do governo do presidente Alfredo Palacio de que seria detido assim que aterrissasse.
Gutiérrez retornou acompanhado de outras 16 pessoas, entre elas o seu irmão, o ex-deputado Gílmar Gutiérrez, um grupo de jornalistas e advogados de defesa.
Minutos antes de decolar, o ex-presidente disse à agência France Presse que sabia da presença de militares à sua espera em Manta, mas declarou: "Nada nos deterá".
"Sou um homem livre. Poderão me colocar na cadeia, mas a minha consciência está tranqüila. Alfredo Palacio, pelo contrário, sempre terá a consciência presa ao que fez", disse Gutiérrez, sobre o seu ex-aliado.
A volta de Gutiérrez ocorre no momento em que Palacio -que era o seu vice-presidente- enfrenta uma crise política desatada pela renúncia do ministro do Interior, Oswaldo Molestina, na última quarta-feira. Foi o sexto membro do gabinete a pedir demissão em cinco meses.
A crise obrigou Palacio a cancelar a sua participação na 15ª Cúpula Ibero-Americana, em Salamanca, na Espanha. Ontem ele anunciou que proporá, na semana que vem, um plebiscito sobre a convocação de uma Assembléia Constituinte. Segundo Palacio, a assembléia terá "plenos poderes" para "reestruturar o Estado".

Asilo
O anúncio da renúncia de Gutiérrez ao asilo colombiano foi feito nesta semana, no lançamento do livro "O Golpe, os Rostos da Conspiração", em que o ex-presidente narra a sua versão do que ocorreu em abril.
O governo de Palacio disse que o ex-presidente deu uma "bofetada" na Colômbia, assim como fez com o Brasil -onde também renunciou a seu asilo político.
Gutiérrez chegou à Colômbia em 21 de setembro, vindo do Peru. Em 4 de outubro, obteve asilo político do país vizinho.


Com agências internacionais

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