São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 2002

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ÁSIA

Presidente, que deve deixar liderança do PC hoje, expressa contentamento com inclusão de sua teoria na constituição do partido

Jiang saúda transição pacífica na China

Eugene Hoshiko/Associated Press
Delegados participam de evento durante congresso do Partido Comunista da China, em Pequim


DA REDAÇÃO

O presidente da China, Jiang Zemin, 76, saudou ontem a transição política pacífica que o país vive -na qual a velha-guarda do Partido Comunista (PC) abre caminho para uma nova geração de líderes- e expressou contentamento com o fato de sua Teoria das Três Representatividades ter sido incluída oficialmente na constituição do PC chinês.
"A liderança central do partido realizou com sucesso a transformação do velho no novo", declarou Jiang ante os cerca de 2.000 delegados que participavam do congresso do PC.
Jiang e cinco outros líderes do partido não se candidataram à reeleição para uma cadeira no Politburo, a mais alta instância do partido. Assim, Hu Jintao, 59, o único membro do órgão reeleito, deverá ser confirmado hoje como novo chefe do PC.
Jiang queria que seu nome, além de sua teoria, fosse incluído oficialmente na constituição do PC. Mas a maioria dos delegados não concordou com ele, inserindo a teoria no texto sem mencionar o nome do presidente.
A Teoria das Três Representatividades, que abre caminho para a entrada de empresários no PC, diz que o partido deve deixar de ser porta-voz apenas da classe trabalhadora para "representar toda a nação chinesa".
Além de ter reeleito apenas Hu, atual vice-presidente, para o Politburo, o congresso elegeu os 198 membros do Comitê Central do PC -mais da metade ainda não fazia parte do órgão. Trata-se da primeira vez na história da China comunista em que há uma transição sem sobressaltos.
Atualmente, porém, o partido de Mao Tse-tung, primeiro grande líder da China comunista, não prega mais a revolução, mas a prosperidade. Segundo analistas ocidentais, trata-se de um modo de impedir que, com o desenvolvimento econômico do país, a situação saia do controle dos líderes comunistas.
"Em todos os congressos do partido, produzimos um novo grupo de líderes. Isso mostra que o PC da China ainda tem um enorme potencial", afirmou Wang Xiaofeng, delegado e governador da Província de Hainan, situada no sul do país.
Acredita-se que, após deixar a Presidência do país, em março de 2003, Jiang mantenha o controle da Comissão Militar Central (CMC), como fez seu predecessor, Deng Xiaoping. Com isso, ele se tornaria uma espécie de eminência parda da política chinesa. A CMC comanda as Forças Armadas da China, que contam com cerca de 2,5 milhões de homens.
De acordo com analistas, a chegada de novos líderes -que conhecem bem o Ocidente e técnicas de guerra avançadas- ao poder poderá acelerar a modernização do Exército chinês e deverá contribuir para que haja melhores relações entre a sociedade civil e os militares.
Dos 11 membros da CMC, apenas três generais foram reeleitos para um posto no Comitê Central, todos com idade inferior a 70 anos, o que indica que os outros poderão deixar a CMC em 2003.

Casa Branca
A Casa Branca se recusou a comentar as mudanças no PC chinês, porém afirmou que estava pronta para trabalhar ao lado de Pequim em temas relacionados à economia e aos direitos humanos. "Trata-se de um assunto interno. Trabalharemos com quaisquer líderes", disse Sean McCormack, porta-voz da Casa Branca.

Com agências internacionais


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