São Paulo, domingo, 15 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Na Ásia, Obama vende EUA como "nação do Pacífico"

Presidente prega parceria com a China, cuja emergência não vê como ameaça, sem alijar o tradicional aliado Japão

Americano conclama ainda Coreia do Norte a retomar conversas nucleares e insta junta militar de Mianmar a soltar líder pró-democracia

"DO NEW YORK TIMES", EM TÓQUIO

O presidente americano, Barack Obama, disse ontem que a emergência da China não é uma ameaça aos EUA e que Washington tentará fortalecer seus laços com Pequim ao mesmo tempo em que mantém relações estreitas com tradicionais aliados como o Japão.
A definição foi parte de um amplo discurso sobre a Ásia em Tóquio, primeira escala de um giro que o presidente americano fará pelo continente. Na fala, Obama se fiou em sua própria história de vida para assegurar à população asiática que, embora os EUA pareçam mais preocupados com o conflito no Oriente Médio, o país é cada vez mais "uma nação do [oceano] Pacífico".
"Eu sei que há muitos que veem a emergência chinesa como um incômodo para os EUA. [Mas] num mundo interconectado, o poder não precisa ser um jogo de soma zero, e as nações não precisam temer o sucesso das outras", disse.
Declarando-se o "primeiro presidente americano do Pacífico" -em referência ao fato de ter nascido no Havaí-, Obama também tratou de vários dos temas que o ocuparão durante sua viagem de uma semana, que o levará ainda a Cingapura, China e Coreia do Sul.
Ele conclamou a Coreia do Norte a voltar às conversas para pôr fim a seu programa nuclear para não sofrer um isolamento ainda maior; instou a junta militar de Mianmar a libertar a líder do movimento pró-democracia no país, Aung San Suu Kyi; e prometeu "nunca hesitar em falar sobre os valores fundamentais que nós prezamos" -numa referência velada à situação dos direitos humanos na China.
Mas, ao longo do discurso, Obama projetou uns EUA mais conciliatórios, tentando romper com o passado. Sobre Mianmar, por exemplo, ele enfatizou que será o primeiro presidente americano a se encontrar com todos os dez líderes da Asean (bloco econômico do Sudeste asiático, que inclui Mianmar), hoje, em Cingapura.
E embora tenha falado longamente sobre direitos humanos, ele nunca ligou a busca desses direitos especificamente à China e ao Tibete, região onde as autoridades chinesas reprimem protestos de budistas. Evitando irritar Pequim na véspera de sua visita inaugural à China, Obama foi menos específico, dizendo que "apoiar os direitos humanos oferece uma segurança permanente que não pode ser conquistada de nenhuma outra maneira".
Como já fizera em outras viagens, Obama pintou os EUA como um país com vontade de aprender com seus erros. Disse que os EUA e a Ásia devem superar o desequilíbrio entre o consumismo americano e a confiança asiática nos EUA como mercado para exportação.
"Uma das lições importantes que esta recessão nos ensinou são os limites desse modelo. Nós chegamos a um daqueles raros pontos de inflexão na história onde temos a oportunidade de tomar um novo rumo."


Texto Anterior: Processo de paz empaca, e país ganha relevo
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.