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Na Ásia, Obama vende EUA como "nação do Pacífico"
Presidente prega parceria com a China, cuja emergência não vê como ameaça, sem alijar o tradicional aliado Japão
Americano conclama ainda Coreia do Norte a retomar conversas nucleares e insta junta militar de Mianmar a soltar líder pró-democracia
"DO NEW YORK TIMES", EM TÓQUIO
O presidente americano, Barack Obama, disse ontem que a
emergência da China não é
uma ameaça aos EUA e que
Washington tentará fortalecer
seus laços com Pequim ao mesmo tempo em que mantém relações estreitas com tradicionais aliados como o Japão.
A definição foi parte de um
amplo discurso sobre a Ásia em
Tóquio, primeira escala de um
giro que o presidente americano fará pelo continente. Na fala, Obama se fiou em sua própria história de vida para assegurar à população asiática que,
embora os EUA pareçam mais
preocupados com o conflito no
Oriente Médio, o país é cada
vez mais "uma nação do [oceano] Pacífico".
"Eu sei que há muitos que
veem a emergência chinesa como um incômodo para os EUA.
[Mas] num mundo interconectado, o poder não precisa ser
um jogo de soma zero, e as nações não precisam temer o sucesso das outras", disse.
Declarando-se o "primeiro
presidente americano do Pacífico" -em referência ao fato de
ter nascido no Havaí-, Obama
também tratou de vários dos
temas que o ocuparão durante
sua viagem de uma semana,
que o levará ainda a Cingapura,
China e Coreia do Sul.
Ele conclamou a Coreia do
Norte a voltar às conversas para pôr fim a seu programa nuclear para não sofrer um isolamento ainda maior; instou a
junta militar de Mianmar a libertar a líder do movimento
pró-democracia no país, Aung
San Suu Kyi; e prometeu "nunca hesitar em falar sobre os valores fundamentais que nós
prezamos" -numa referência
velada à situação dos direitos
humanos na China.
Mas, ao longo do discurso,
Obama projetou uns EUA mais
conciliatórios, tentando romper com o passado. Sobre
Mianmar, por exemplo, ele enfatizou que será o primeiro presidente americano a se encontrar com todos os dez líderes da
Asean (bloco econômico do Sudeste asiático, que inclui Mianmar), hoje, em Cingapura.
E embora tenha falado longamente sobre direitos humanos,
ele nunca ligou a busca desses
direitos especificamente à China e ao Tibete, região onde as
autoridades chinesas reprimem protestos de budistas.
Evitando irritar Pequim na véspera de sua visita inaugural à
China, Obama foi menos específico, dizendo que "apoiar os
direitos humanos oferece uma
segurança permanente que não
pode ser conquistada de nenhuma outra maneira".
Como já fizera em outras viagens, Obama pintou os EUA como um país com vontade de
aprender com seus erros. Disse
que os EUA e a Ásia devem superar o desequilíbrio entre o
consumismo americano e a
confiança asiática nos EUA como mercado para exportação.
"Uma das lições importantes
que esta recessão nos ensinou
são os limites desse modelo.
Nós chegamos a um daqueles
raros pontos de inflexão na história onde temos a oportunidade de tomar um novo rumo."
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