São Paulo, domingo, 15 de novembro de 1998

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CLIMA
Governo norte-americano quer que países em desenvolvimento também reduzam suas emissões de gases-estufa
Delegados se queixam de pressões dos EUA

MAURÍCIO SANTANA DIAS
de Buenos Aires

"Temos que denunciar essa chantagem que está ameaçando o clima do mundo", declarou ontem um representante da delegação uruguaia, o senador Alberto Cid, referindo-se à política norte-americana na Quarta Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-4).
Ambientalistas, organizações não-governamentais e ministros de vários países atribuíram a falta de resultados à posição inflexível dos EUA de só tomar medidas para reduzir suas emissões de gases-estufa se os países em desenvolvimento também o fizerem.
Embora tenham firmado o Protocolo de Kyoto, que agora tem 60 assinaturas, os EUA não estão dispostos a ratificá-lo por enquanto, afirmou o subsecretário para o Meio Ambiente, Rafe Pomerance.
De qualquer modo, a ratificação do protocolo não depende de um voluntarismo do governo norte-americano, mas das forças políticas que atuam dentro daquele país. De fato, a decisão de ratificar o protocolo e começar a "poupar" o ambiente está nas mãos do Senado dos EUA, e não do governo.
Segundo Shannon Wright, membro da ONG "Amigos da Terra", "o Senado norte-americano não ratifica o Protocolo de Kyoto porque está comprometido com as indústrias petrolíferas". Essas empresas seriam as mais afetadas caso os países começassem efetivamente a reduzir suas emissões de dióxido de carbono - em grande parte resultante da queima de combustíveis fósseis.
Nas duas semanas de negociações em Buenos Aires, circulou nos corredores a frase: "Cada hora de atraso na ratificação do protocolo é U$ 1 milhão que entram nos cofres de empresas petrolíferas e países árabes".
Como o Plano de Ação de Buenos Aires (como batizaram o documento da COP-4) não apresentou avanços, resta apostar na COP-5 -que ainda não se sabe se será na Jordânia ou no Marrocos.



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