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CLIMA
Governo norte-americano quer que países em desenvolvimento também reduzam suas emissões de gases-estufa
Delegados se queixam de pressões dos EUA
MAURÍCIO SANTANA DIAS
de Buenos Aires
"Temos que denunciar essa
chantagem que está ameaçando o
clima do mundo", declarou ontem
um representante da delegação
uruguaia, o senador Alberto Cid,
referindo-se à política norte-americana na Quarta Conferência das
Nações Unidas sobre Mudança
Climática (COP-4).
Ambientalistas, organizações
não-governamentais e ministros
de vários países atribuíram a falta
de resultados à posição inflexível
dos EUA de só tomar medidas para
reduzir suas emissões de gases-estufa se os países em desenvolvimento também o fizerem.
Embora tenham firmado o Protocolo de Kyoto, que agora tem 60
assinaturas, os EUA não estão dispostos a ratificá-lo por enquanto,
afirmou o subsecretário para o
Meio Ambiente, Rafe Pomerance.
De qualquer modo, a ratificação
do protocolo não depende de um
voluntarismo do governo norte-americano, mas das forças políticas que atuam dentro daquele país.
De fato, a decisão de ratificar o
protocolo e começar a "poupar" o
ambiente está nas mãos do Senado
dos EUA, e não do governo.
Segundo Shannon Wright,
membro da ONG "Amigos da Terra", "o Senado norte-americano
não ratifica o Protocolo de Kyoto
porque está comprometido com as
indústrias petrolíferas". Essas empresas seriam as mais afetadas caso os países começassem efetivamente a reduzir suas emissões de
dióxido de carbono - em grande
parte resultante da queima de
combustíveis fósseis.
Nas duas semanas de negociações em Buenos Aires, circulou
nos corredores a frase: "Cada hora
de atraso na ratificação do protocolo é U$ 1 milhão que entram nos
cofres de empresas petrolíferas e
países árabes".
Como o Plano de Ação de Buenos Aires (como batizaram o documento da COP-4) não apresentou avanços, resta apostar na COP-5 -que ainda não se sabe se será
na Jordânia ou no Marrocos.
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