São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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Escândalo atinge vários países além dos EUA

DA REDAÇÃO

Ao menos 330 dos cerca de 45 mil padres dos EUA foram afastados ou renunciaram neste ano por causa de acusações de abusos sexuais. Vítimas de abusos afirmam que o número de envolvidos com pedofilia é bem maior; estimam em entre 4% e 8% dos padres norte-americanos. A igreja afirma que o número é muito menor, embora não forneça detalhes.
A igreja norte-americana enfrenta centenas de processos, que podem resultar em indenizações de mais de US$ 100 milhões. Mais de US$ 10 milhões já foram pagos a vítimas.
A Arquidiocese de Boston está no epicentro do escândalo e considera a possibilidade de pedir falência. Anteontem, Bernard Law renunciou ao posto de arcebispo de Boston, embora permaneça como cardeal, após meses de acusações de negligência e de apenas transferir de paróquia padres acusados de abusos sexuais.
Law era um dos religiosos mais influentes dos EUA, amigo pessoal da família Bush e principal assessor do papa João Paulo 2º no país, sobretudo por causa de suas posições conservadoras. Ele é totalmente contra o fim da obrigatoriedade do celibato clerical, a ordenação feminina e o casamento entre homossexuais.
O papa relutou em aprovar a renúncia, que precisa de seu aval, mas a pressão era cada vez maior. Na semana passada, 58 padres de Boston firmaram uma carta pedindo a renúncia de Law porque o consideravam incapaz de "exercer a liderança espiritual demandada pela igreja". "É o mais perto de uma revolta que os padres podem chegar", disse Stephen Pope, do Departamento de Teologia da Faculdade de Boston.
O escândalo não se restringe aos EUA. Atingiu países como Canadá, Alemanha, França, México, Polônia e Brasil e já é um dos maiores problemas enfrentados pelo papa no final de seu pontificado. Num de seus poucos comentários, João Paulo 2º, 82, afirmou: "Deus está silencioso. Ele não aparece mais e parece ter se fechado lá no alto do céu, como que enojado das ações humanas". (PDF)


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