UOL


São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ARGENTINA

Ex-presidente nega esquema

Ex-aliado aponta ação de De la Rúa em suborno

CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

Acusado de ordenar o pagamento de subornos a um grupo de senadores para conseguir a aprovação da reforma trabalhista em abril de 2000, o ex-presidente argentino Fernando de la Rúa deverá ser convocado para prestar depoimento no Senado nos próximos dias.
Segundo o diário "Clarín", o ex-presidente também pode ser convocado a depor na Justiça, pelo juiz federal responsável pelo caso, Rodolfo Canicoba Corral.
Maior escândalo político do governo De la Rúa (1999-2001), o caso voltou à tona no final de semana após confissão do ex-secretário parlamentar do Senado Mario Pontaquarto de que teria pago suborno de 5 milhões de pesos a um grupo de senadores para garantir a aprovação da reforma.
Pontaquarto afirmou ter participado de uma reunião na Casa Rosada, comandada por De la Rúa, durante a qual a operação de suborno teria sido orquestrada. Segundo o ex-secretário, estiveram na reunião, entre o final de março e o início de abril de 2000, os senadores José Genoud, da União Cívica Radical (UCR), e Augusto Alasino e Alberto Tell, do Partido Justicialista (PJ).
De acordo com Pontaquarto, também participou do caso o ex-chefe do serviço de inteligência argentino Fernando de Santibañes, que teria fornecido o dinheiro do suborno ao ex-secretário.
Todos os envolvidos negaram envolvimento no escândalo.
O ex-secretário prometeu entregar amanhã à Justiça uma prova que pode ser decisiva para a investigação. Trata-se de um papel onde constariam "apelidos" relacionados aos senadores que, segundo ele, receberam os subornos e os valores pagos a cada um - entre 50 mil e 300 mil pesos.

Outro lado
"Isso é absolutamente falso e revoltante. Foi habilmente preparado para me envolver", afirmou De la Rúa, que disse estar à disposição da Justiça, inclusive para uma acareação com Pontaquarto.
Denunciado na época pelo diário "La Nación", o caso foi um dos detonadores da crise que derrubou De la Rúa, em 2001. A crise foi precipitada com a renúncia do então vice Carlos Chacho Álvarez, "indignado" com as denúncias. Anteontem, Chacho classificou o caso como "uma bomba de nêutrons" e subiu a temperatura do escândalo ao acusar a UCR e o PJ de terem um esquema de venda de leis no Senado.


Texto Anterior: Carro-bomba mata 17 iraquianos
Próximo Texto: Loya Jirga: Karzai enfrenta Aliança do Norte
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.