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LOYA JIRGA
Presidente afegão defende manutenção de poderes na nova Carta
Karzai enfrenta Aliança do Norte
DA REDAÇÃO
Depois de sucessivos adiamentos, começou ontem em Cabul a
Loya Jirga (grande conselho),
convocada para definir a nova
Constituição do Afeganistão. Em
seu discurso, o presidente Hamid
Karzai deixou clara a disputa de
poder que trava com a Aliança do
Norte, facção que integra o governo e reúne os chefes de guerra que
controlam vastas regiões do país.
"Pequenos grupos políticos
vêm tentar criar governos pela
força. A experiência mostra que
essas organizações só querem o
poder e não pensam no interesse
nacional. O Afeganistão precisa
de apenas uma fonte de poder no
governo", afirmou Karzai, que está pressionando os 500 delegados
de 32 Províncias para aumentar a
força da Presidência, enquanto os
oposicionistas lutam para criar o
cargo de primeiro-ministro.
Burhanuddin Rabbani, ex-presidente e líder da Aliança do Norte, afirmou que o presidente precisa de um Parlamento forte para
governar efetivamente. "O Parlamento pode servir de ponte entre
o governo e a população."
Compra de votos
A Aliança do Norte anunciou
ter o apoio de 241 delegados e que
estava exigindo que os 50 representantes apontados por Karzai
não tivessem direito a voto. A
ONG de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch disse que intimidação e compra de
votos dos delegados por parte dos
chefes de guerra podem comprometer o sucesso da Loya Jirga.
Karzai, que fez um discurso
com tons eleitorais, listando os
sucessos de sua administração,
sustenta que uma Presidência forte é vital para a reconstrução do
país. Ele disse na semana passada
que não se candidataria à reeleição se tivesse que dividir o poder
com um primeiro-ministro.
A Loya Jirga, que pode durar de
dez dias a várias semanas, vai ter
debates intensos em torno de
muitos dos 160 artigos que fazem
parte do projeto de Constituição
concluído no mês passado. Entre
os temas que gerarão mais polêmica, incluem-se ainda os direitos
das mulheres e o papel do islã nas
instituições afegãs.
Além da disputa política entre
Karzai e a Aliança do Norte, a Loya Jirga sofre a ameaça de ataques
de forças do Taleban, o regime extremista islâmico derrubado em
2001 pela coalizão liderada pelos
Estados Unidos. Centenas de soldados, policiais e integrantes das
forças de paz internacionais montaram um rígido cerco com um
raio de três quilômetros ao redor
da grande tenda erguida para os
debates -uma deferência à tradição dos seculares encontros das
tribos afegãs.
Com agências internacionais
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