|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ORIENTE MÉDIO
Foi a frase mais contundente de Ahmadinejad sobre o genocídio dos judeus; declaração recebe repúdio internacional
Líder iraniano diz que Holocausto é "mito"
DA REDAÇÃO
O presidente Iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, qualificou
ontem o Holocausto de "mito",
na terceira -e mais contundente- declaração em menos de
uma semana em que nega o massacre de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Ahmadinejad vem optando pelo isolamento de seu país, diante
da inevitável deterioração das relações diplomáticas com governos que aceitam alguma forma de
diálogo com seu regime islâmico.
As declarações de ontem foram
condenadas em termos inequívocos e até agressivos na Europa, Israel e Estados Unidos.
Discursando a milhares de manifestantes na cidade de Zahedan,
Ahmadinejad disse que "eles [os
judeus] criaram um mito com o
nome de Holocausto e o consideram superior a Deus, à religião e
aos profetas". Em outubro, o presidente despertou uma onda inicial de reações ao dizer que Israel
deveria ser "varrido do mapa".
Na quinta-feira passada, quando em visita à Arábia Saudita, ele
exprimiu dúvidas sobre a veracidade do genocídio. Reiterou essa
posição negacionista em conferência feita anteontem em Teerã.
Mas ontem foi a primeira vez
que ele qualificou o Holocausto
de "mito". A maior parte dos historiadores coincide ao afirmar
que o nazismo matou cerca de 6
milhões de judeus. No mundo
muçulmano, alguns poucos radicais negam o Holocausto como
forma de atingir um alicerce político e moral da criação de Israel.
É nesse grupo que Ahmadinejad abertamente se enquadra. Ele
desta vez sugeriu que Israel seja
transferido para "os Estados Unidos, o Canadá ou o Alasca (sic)".
Na semana passada, o presidente iraniano afirmara que Israel deveria ser abrigado em território da
Alemanha ou da Áustria.
Apesar de o Irã ser uma ditadura controlada pelo clérigo xiita,
um grupo interno reformista, a
Frente Iraniana de Participação
Islâmica, criticou ontem Ahmadinejad, ao afirmar que os termos
"provocadores" que ele emprega
não ajudam as causas do país.
O porta-voz da diplomacia israelense Mark Regev disse ontem
que "a reiteração das declarações
ultrajantes do presidente iraniano
mostra com clareza a mentalidade dominante entre os malfeitores que governam aquele país e
exemplifica a política e os objetivos extremistas do regime".
Avner Shalev, diretor do Yad
Vashem, o memorial ao Holocausto de Jerusalém, disse que "a
comunidade internacional e as
Nações Unidas devem tratar da
questão mais seriamente".
Em Washington, a Casa Branca
disse que, com as últimas declarações "ultrajantes" de Ahmadinejad, tem-se mais uma vez a idéia
de quanto seria perigoso se o Irã
possuísse uma bomba atômica.
O presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, afirmou que "o Irã mereceria ter melhores governantes".
Douglas Alexander, ministro
para Assuntos Europeus do Reino
Unido, que exerce a presidência
rotativa da União Européia, disse
que as afirmações do presidente
iraniano "são incompatíveis com
um debate político civilizado".
A Alemanha disse que as novas
declarações de Ahmadinejad
abrem uma área suplementar de
atrito na já delicada negociação de
Teerã com Berlim, Londres e Paris sobre o programa nuclear iraniano. Para o ministro alemão do
Exterior, Frank-Walter Steinmeier, as declarações do presidente são "chocantes". Para o
presidente da Áustria, Heinz Fischer, elas são "inaceitáveis", a
mesma palavra empregada pelo
porta-voz da diplomacia francesa.
O Congresso Judaico Latino-Americano e a Confederação Israelita do Brasil publicaram nota
em que expressam "o mais enérgico repúdio às declarações que
agridem o Estado de Israel e a memória dos 6 milhões de judeus assassinados na Europa durante a
Segunda Guerra Mundial".
Jayme Blay, presidente da Federação Israelita do Estado de São
Paulo, qualificou Ahmadinejad
de "desconectado da realidade".
Com agências internacionais
Texto Anterior: Iraque sob tutela: Mil dias depois, iraquianos temem futuro Próximo Texto: Frases Índice
|