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EUROPA
Proposta britânica é insuficiente para a maior parte dos membros da União Européia; Londres não vê chance de acordo melhor
Oferta orçamentária não dissipa crise da UE
DA REUTERS
O Reino Unido, que ocupa
atualmente a Presidência rotativa
da União Européia, provocou
controvérsia ontem, véspera do
início da cúpula semestral do bloco, ao se recusar a abrir mão de
uma maior parcela do reembolso
a que tem direito em sua proposta
revisada de Orçamento da UE. Esta prevê apenas um leve aumento
do montante que deverá financiar
o bloco de 2007 a 2013.
A nova proposta britânica abriu
caminho para as duras discussões
que deverão marcar as negociações dos próximos dias, seis meses depois que a tentativa anterior
de chegar a um acordo sobre o
Orçamento provocou grave desentendimento entre os 25 países
da UE, agravando a crise desencadeada pelo "não" de franceses e
holandeses, em referendo, à proposta de Constituição européia.
A nova proposta britânica prevê
que o corte da ajuda aos dez novos membros -em sua maioria,
do Leste Europeu- será menor
do que o proposto na semana passada e que a redução do montante
reservado para os fundos de desenvolvimento rural dos países da
Europa ocidental será menor.
Mas a parte mais difícil das negociações, a redução do reembolso britânico -conquistado em
1984 pela então primeira-ministra
Margaret Thatcher-, não foi
mencionada na nova proposta,
causando surpresa na maior parte
dos outros países-membros. Afinal, ela permitiria um aumento
do montante reservado para o desenvolvimento dos países menos
abastados do bloco.
"Essa proposta, se for mantida
dessa forma, será vetada pela Polônia", declarou o premiê polonês, Kazimierz Marcinkiewicz,
numa entrevista coletiva ocorrida
em Varsóvia.
A Alemanha e a França, dois
dos países mais poderosos da UE,
afirmaram que não poderão aceitar a nova proposta britânica e
exortaram Londres a admitir um
corte maior e permanente de seu
reembolso. Para Paris e Berlim, a
atual oferta britânica não permite
que o Reino Unido pague uma
"parcela justa" pela expansão da
UE para o Leste Europeu.
"Esperamos que as autoridades
britânicas entendam que é preciso que haja uma completa revisão
do mecanismo de reembolso. Se
não houver mudança nessa área,
a França não assinará o acordo",
afirmou o chanceler francês, Philippe Douste-Blazy.
Um diplomata alemão que não
quis ser identificado afirmou que,
tal qual foi apresentada, a nova
proposta britânica é "insatisfatória" e que dificilmente haverá um
acordo razoável para todos baseado nela.
O presidente francês, Jacques
Chirac, e o premiê britânico, Tony
Blair, deverão encontrar-se hoje,
antes do início da cúpula, para
tentar chegar a um acordo. O presidente da Comissão Européia,
José Manuel Durão Barroso, chamou a oferta de "insatisfatória".
No que pareceu ser um aviso
aos outros países da UE, um porta-voz do governo britânico disse
que "não haverá acordo melhor
nesta semana nem em 2006".
Londres insiste em que uma redução de seu reembolso seja vinculada a uma reforma da Política
Agrícola Comum, que favorece
sobretudo a França. Paris não
aceita essa possibilidade porque,
em 2004, os líderes europeus chegaram a um acordo sobre o financiamento da PAC até 2013.
O pacote revisado adicionou
2,5 bilhões às despesas totais do
bloco até 2013. Com isso, o Orçamento chegará a 849,3 bilhões
ou 1,03% do total de riquezas do
bloco. Na semana passada, a proposta apresentada por Londres
era de 1.026% do PIB. Muitos diplomatas crêem que, se houver
acordo, a porcentagem deverá girar em torno de 1,04% do PIB.
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