|
Próximo Texto | Índice
Para Bush, "guerra não tem sido fácil"
Em visita-surpresa a Bagdá, americano defende necessidade de ação no Iraque para "segurança dos EUA e paz mundial"
A 37 dias do fim do governo, presidente firma acordo sobre retirada de tropas e sofre tentativa de agressão com sapato por jornalista
Saul Loeb/France Presse
|
|
Bush se encontra com Talabani em sua quarta visita a Bagdá
DA REDAÇÃO
Em uma visita-surpresa a
Bagdá -sua quarta em cinco
anos e meio de conflito-, o presidente George W. Bush disse
ontem que a Guerra do Iraque
foi dura, mas necessária para
proteger os EUA e dar aos iraquianos um futuro pacífico.
Bush visitou o país a 37 dias
de passar o poder para Barack
Obama, que prometeu encerrar
a guerra iniciada em 2003.
"O trabalho não tem sido fácil, mas é necessário para a segurança americana, a esperança iraquiana e a paz mundial",
disse. "Sou grato por ter tido a
chance de voltar ao Iraque antes do fim do meu mandato."
Mas, sob vários pontos de
vista, a viagem foi uma volta
olímpica sem uma vitória. Cerca de 150 mil soldados permanecem no Iraque, lutando numa guerra impopular. Mais de
4.000 militares americanos
morreram, e o conflito custou
aos americanos US$ 576 bilhões desde que começou.
Bush se encontrou com os
principais líderes iraquianos
ontem. Sua intenção era destacar a redução da violência numa nação ainda dividida entre
etnias e linhas religiosas e comemorar o recente acordo de
segurança entre o Iraque e os
EUA, que legitima a presença
das tropas americanas pelo menos até junho próximo, mas
prevê sua saída em 2011.
O Air Force One, o avião presidencial americano, pousou
em Bagdá ontem à tarde após
partir secretamente de Washington. Bush foi recebido com
uma cerimônia formal no palácio presidencial, algo que não
teve nas outras três viagens.
Referindo-se ao presidente
iraquiano, Jalal Talabani, e a
seus dois vice-presidentes,
Bush afirmou: "Conheço esses
homens há tempo e os admiro
por suas coragem e determinação". Talabani chamou Bush de
"nosso grande amigo" que "ajudou a libertar" o Iraque.
Bush e o premiê Nuri al Maliki assinaram simbolicamente o
acordo de segurança, já aprovado pelo Parlamento iraquiano.
Enquanto o americano cumprimentava Maliki, um jornalista iraquiano atirou seus sapatos contra ele -ofensa grave
para um árabe-, sem acertá-lo.
"É o beijo de despedida, seu cachorro", gritou. "Tudo que posso dizer é que era tamanho 41",
brincou o presidente após o homem ser controlado.
Retirada de tropas
O acordo entra em vigor em
1º de janeiro e substitui resoluções do Conselho de Segurança
da ONU que dão à coalizão liderada pelos EUA amplos poderes para conduzir operações
militares sem serem julgadas
caso cometam um crime -algo
que será agora revertido.
O tratado bilateral estabelece
que todas as tropas americanas
saiam do Iraque até 2011, em
dois estágios. Na primeira, prevê que até junho os soldados
deixem Bagdá e outras cidades
e se recolham a bases dos EUA.
Mas, no sábado, durante a visita de Robert Gates, secretário
da Defesa de Bush que permanecerá no cargo sob Obama, o
comandante americano no Iraque, general Ray Odierno, disse
que "continuaremos ajudando
as equipes de transição. Continuaremos dando nosso conselho às forças [iraquianas]".
"Ainda há trabalho a ser feito.
A guerra não acabou", disse o
presidente americano, acrescentando que o acordo coloca o
Iraque em "bases sólidas".
Para Bush, a guerra é o tema
que marcou seu segundo governo. Mesmo após as armas de
destruição de massa, razão inicial para a invasão, não terem
sido achadas, ele manteve tropas no Iraque. Obama prometeu retirá-las em até 16 meses.
Com agências internacionais
Próximo Texto: História da reconstrução iraquiana expõe falhas e desperdício Índice
|