São Paulo, terça-feira, 15 de dezembro de 2009

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Agressão a premiê expõe polarização de italianos

Ainda hospitalizado, Berlusconi afirma que há um "clima de ódio" contra ele

Agressor, acusado por lesão corporal qualificada, nega premeditação do crime, pede desculpas e diz que não é um militante político


DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, continuará hospitalizado ao menos até hoje para se recuperar da agressão que sofreu no domingo, após um comício em Milão, num episódio que evidenciou a polarização na Itália em torno do direitista.
Berlusconi, 73, sofreu uma pequena fratura no nariz e quebrou dois dentes ao ser atingido no rosto por uma minirréplica de metal da catedral de Milão, em cujo pátio discursava diante de apoiadores e de um grupo de opositores. Ontem, ele ainda sentia dor e tomava antibióticos, mas não será submetido a cirurgia, disseram os médicos.
A agressão "ilustra a grave degradação da política na Itália", opinou o jornal "La Repubblica", tradicionalmente crítico a Berlusconi e que denunciou os escândalos sexuais nos quais o premiê está envolvido.
Ele também é réu em dois processos na Justiça, por supostos suborno e fraude fiscal. E, no início do mês, foi acusado de ter elos com a máfia italiana.
A sucessão de eventos elevou a pressão por sua renúncia, conclamada em uma marcha que reuniu 90 mil pessoas no último dia 5, em Roma.
O premiê nega as acusações, se diz vítima de complô da esquerda e descarta renunciar, enquanto tenta aprovar uma lei que levaria à prescrição dos crimes dos quais é acusado.
Horas após o ataque de domingo, proliferavam no Facebook grupos de apoio ou repúdio ao agressor do premiê, e este, no hospital, disse ver um "clima de ódio" contra ele. Já a esquerda afirma que as falas de Berlusconi têm dividido o país.
Analistas ouvidos pelas agências noticiosas acreditam que o episódio deve despertar simpatia interna em favor do premiê, que recebeu ontem votos de melhoras dos governos de EUA e França e do papa.

O agressor
Identificado como Massimo Tartaglia, 42, o agressor do premiê foi preso logo após o ataque e ontem foi formalmente acusado de lesão corporal qualificada, segundo a agência Ansa. A polícia diz que encontrou em seus bolsos outro suvenir, um pequeno crucifixo e uma lata de spray de pimenta -o que, segundo as autoridades, caracteriza a premeditação do crime. Tartaglia nega.
Submetido a tratamento por problemas mentais desde 1999, ele disse à polícia que "odeia" a política de Berlusconi, mas que só decidiu agredi-lo quando já saía do comício e se deparou com o premiê. Em carta divulgada por seus advogados, ele pede desculpas e afirma que "agiu sozinho" e que não milita em nenhum grupo político.
Seu pai, Alessandro Tartaglia, com quem trabalha em uma gráfica, disse que o acusado "nunca fez mal a ninguém. Nunca fez política ativa, é voluntário do [grupo conservacionista] WWF".

Com agências internacionais



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