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Concertação fica sem a maioria na Câmara
DO ENVIADO A SANTIAGO
Além de perder um turno da
eleição presidencial pela primeira vez em 20 anos, a coalizão governista no Chile também sofreu derrota histórica na
Câmara de Deputados para a
centro-direita, que elegeu 58
deputados, contra 54 da Concertação. Já no Senado o governo recuperou maioria, com 19
cadeiras contra 16 da oposição.
Ainda que tenha baixado sua
votação na Câmara de 51,7%
em 2005 para 44,4% ontem, a
aliança governista na Casa será
reforçada pela eleição de três
deputados do Partido Comunista, que voltou ao Congresso
após 36 anos graças a um acordo com a Concertação -candidatos comunistas competiram
em listas da coalizão oficial.
A norma eleitoral legislativa
no país, moldada pela ditadura,
divide o país em distritos de
dois representantes, cimentando um sistema de duas coalizões que na prática exclui pequenas siglas do Congresso.
Em cada distrito há várias listas de dois candidatos, o eleitor
vota em apenas um, mas a definição dos vencedores considera a soma da lista.
Decorre desta regra a necessidade de dois candidatos competitivos e de uma forte base
partidária por distrito.
Não foi o que ocorreu com os
postulantes ligados ao candidato independente à Presidência
Marco Enríquez-Ominami,
que não se elegeram.
A situação do atual senador
Carlos Ominami, pai adotivo de
Ominami, exemplifica os efeitos do sistema no pleito legislativo. Ele deixou o Partido Socialista para acompanhar a
candidatura do filho, teve
16,65% dos votos e não foi reconduzido -seu colega de lista
obteve meros 0,68%.
Por forçar acordos entre blocos parelhos, o chamado sistema binominal é responsável
pela estabilidade política do
país, mas também pela falta de
representabilidade da política e
pela dificuldade em aprovar reformas estruturais -projetos
acabam desfigurados durante
as negociações.
O triunfo comunista foi destacado pela presidente Michelle Bachelet em pronunciamento na noite de anteontem.
Sem mencionar a derrota do
governo no pleito presidencial,
a atual mandatária afirmou, em
referência ao pleito legislativo,
que "embora não se tenha modificado o sistema binominal, a
exclusão foi derrotada".
(TG)
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