São Paulo, quarta-feira, 15 de dezembro de 2010 |
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Sob Dilma, Itamaraty deve adotar estilo mais técnico Diplomacia presidencial será menos intensa, mas foco Sul-Sul continua País buscará manter "soft power" na forma de programas como os de combate à fome e de biocombustíveis ELIANE CANTANHÊDE COLUNISTA DA FOLHA Avaliação corrente no Itamaraty prevê uma mudança de estilos na política externa brasileira a partir de 2011, não de rumos. Os ajustes em razão da troca de Luiz Inácio Lula da Silva por Dilma Rousseff na Presidência e de Celso Amorim por Antônio Patriota na Chancelaria ficariam mais por conta dos perfis. Os atuais são mais políticos; Dilma e Patriota, mais técnicos. Em geral, diplomatas consideram as declarações de Dilma sobre Irã -contra o apedrejamento da iraniana Sakineh Ashtiani e a abstenção nos foros de direitos humanos- um reflexo de dois fatores: primeiro, ela é mulher; segundo, precisa mostrar identidade própria e fugir do carimbo de "sombra de Lula". Como já disse o próprio Amorim à Folha, "Lula só existe um". Assim, Dilma não exercerá uma "diplomacia presidencial" tão intensa, mas tenderá a seguir uma política externa tão voltada para as relações Sul-Sul como no atual governo. Ou seja: ampliando o leque de parceiros, prestigiando os países emergentes e afirmando o Brasil como liderança independente, sem engajamento automático com as posições ocidentais, especialmente dos EUA. "SOFT POWER" O exercício do "soft power" (quando o país disputa liderança pela cooperação e influência positiva) continuará na forma de "exportação" de programas de biocombustíveis, agricultura e combate à fome e a doenças transmissíveis sobretudo na América Latina e na África. O Itamaraty, porém, acha que é hora de exigir contrapartidas em votações internacionais e na cobrança de práticas mais respeitosas na áreas de direitos humanos. Dilma é considerada mais executiva do que Lula, o que sugere aos diplomatas que vá reivindicar mais organicidade e menos improvisação dos órgãos e grupos dos quais o Brasil participa, como Unasul (dos países sul-americanos), Mercosul (do Cone Sul), Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) e Ibas (Índia, Brasil e África do Sul). A Assessoria Internacional da Presidência deve ser reforçada e fatiada em setores, apesar de seguir sob a chefia de Marco Aurélio Garcia, o homem do PT para a área. Diplomatas acreditam ainda que Dilma deverá improvisar menos do que Lula ao dar declarações que tenham repercussão internacional. O futuro secretário-geral do Itamaraty, segundo cargo em importância na carreira, deverá ser, conforme a Folha publicou ontem, o embaixador Ruy Nogueira, 67, um dos principais articuladores da aproximação do Brasil com a Venezuela de Hugo Chávez. Subsecretário de Cooperação e Promoção Comercial, Nogueira foi embaixador em Caracas no fim do governo Fernando Henrique Cardoso e no início do governo Lula, aproximando as empresas brasileiras da Venezuela. Texto Anterior: Análise: Premiê tem fôlego curto para sobreviver até próxima eleição Próximo Texto: Chávez quer governar por decreto em 9 áreas Índice | Comunicar Erros |
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