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Proposta americana é "melhor", diz oposição
ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO
A oposição venezuelana não
aceitará nenhuma proposta internacional de solução para a crise
no país que não preveja o adiantamento das eleições.
"Estamos de acordo com qualquer proposta que leve a uma saída eleitoral", disse ontem à Folha Alfredo Ramos, secretário-geral
da CTV (Central dos Trabalhadores da Venezuela) e dirigente da
Coordenação Democrática, associação de partidos, organizações e
entidades de oposição.
Segundo ele, essa é a principal
diferença entre as propostas feitas
pelo Brasil e pelos EUA. A proposta brasileira, que não prevê
eleições antecipadas, foi rejeitada
pela oposição, enquanto a dos
EUA, que fala em "saída eleitoral", é elogiada.
Folha - Vocês aceitariam uma
proposta que não incluísse eleições
antecipadas?
Alfredo Ramos - A única saída
que o povo venezuelano pede,
majoritariamente, incluindo os
chavistas, é eleição.
Folha - A proposta brasileira é
ruim?
Ramos - A posição do presidente
Lula mostrou uma parcialidade
em relação a Hugo Chávez. O governo brasileiro está se movendo
para apoiar um regime que já se
mostrou autoritário.
Folha - E a proposta alternativa
americana?
Ramos - Recebemos melhor essa
proposta, porque ela prevê uma
saída eleitoral. O governo americano não se deixou enganar pelo
discurso de Chávez. Ele é um encantador de serpentes. Enganou o
povo da Venezuela com um discurso a favor do povo, mas que,
na prática, não é a favor do povo.
Folha - A ação do Brasil poderá
ter efeitos negativos nas relações
com a Venezuela no futuro, se Chávez deixar o poder?
Ramos - As relações internacionais devem ser administradas
com base no respeito mútuo. Esse
sempre foi o norte da Venezuela.
A independência e a autodeterminação dos povos. Nunca interferir
em assuntos de outros povos. Por
isso estranhamos, sobretudo dentro do movimento sindical, que
um homem como Lula, com sua
história de luta contra a tirania,
contra a ditadura, tenha assumido esse tipo de posição.
Lula tem de entender que aqui
há uma luta de um povo, sobretudo dos trabalhadores. Tivemos
sindicalistas perseguidos e presos
pelo regime. Acho que o governo
de Lula tem de ver isso muito
bem. De nossa parte não haverá
nenhum problema futuro.
Folha - Vocês acham que Chávez
quer usar o apoio de Lula para se
sustentar no poder?
Ramos - Sem dúvida. Ele aposta
não somente no apoio de Lula,
mas também no de Lucio Gutiérrez para criar uma sensação de
que tem apoio de governos com
sensibilidade social. Mas Chávez
está acostumado ao regime militar, acha que a Venezuela é um
quartel. Seu objetivo é nos aniquilar. Ele não nos vê como adversários, mas como inimigos.
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