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Polarização marca votação em todo o país
DA ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO
O Chile votou ontem em um clima de alta polarização, em que foram registrados alguns momentos de tumulto e agressões, contrariando a atmosfera de apatia
que se verificava nos últimos dias
na capital chilena.
O deputado Pablo Longueira,
da União Democrática Independente (direita), foi atacado com
ovos, pedras, moedas e terra por
um grupo de cerca de cem pessoas ao comparecer para votar em
La Pintana, em Santiago.
Aos gritos de "assassino" e "vá
embora", ele teve de deixar o local
em uma radiopatrulha e votou
com proteção policial.
Segundo a imprensa local, ao
menos uma pessoa foi detida,
acusada de agressões à polícia e de
desordem em via pública. Pelo
menos um policial ficou ferido.
"São pessoas intransigentes e
que não têm cultura democrática", afirmou, contrariado, Longueira. O governo disse que o caso
será investigado e os responsáveis, punidos pela Justiça.
Empurra-empurra
Um administrador local que
acompanhava Longueira também sofreu agressões. Em Valparaíso, a 120 km de Santiago, um
travesti foi preso ao apresentar-se
para votar armado.
Houve confusão e empurra-empurra também quando Michelle Bachelet compareceu para votar, com trocas de socos entre fotógrafos que se aglomeravam em
torno da candidata socialista.
O candidato da direita, Sebastián Piñera, votou em um ambiente mais tranqüilo, sem registro de incidentes de violência.
Entre vaias e aplausos
Um casal de meia-idade gritava
e vaiava, enquanto o empresário
Piñera emitia seu voto em uma
escola em Santiago.
"Acredito que se deva continuar
o processo iniciado por Ricardo
Lagos [atual presidente]. Não
creio em um milionário que, a esta altura da vida, queira vender a
idéia de que agora quer ajudar os
pobres, as mulheres e todo o Chile", disse Antonio, explicando sua
escolha por Bachelet.
"Nunca poderia votar em um
ultradireitista que, além disso, é
milionário. O que ele quer é tornar-se ainda mais rico à custa dos
chilenos", disse Ema, sua mulher.
"Piñera é inteligente, um economista espetacular e tem cabeça
para governar o país, diferentemente da outra pessoa. O país pode ir muito mais longe do que está
hoje", rebateu a secretária Barbara Villegas, 22.
"Esse homem [Piñera] vai comandar segundo o coração de
Deus, pois recebeu Cristo em seu
coração", concordou Isabel Rodríguez.
A gerontologista Angelica de
Bianchi espera que Bachelet produza mudanças importantes no
país. "Temos muito claro que
houve coisas que a Concertação
não resolveu no passado. Mas
agora que tem maioria no Congresso, vai poder fazer mudanças." (CVN)
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