São Paulo, segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

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Polarização marca votação em todo o país

DA ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO

O Chile votou ontem em um clima de alta polarização, em que foram registrados alguns momentos de tumulto e agressões, contrariando a atmosfera de apatia que se verificava nos últimos dias na capital chilena.
O deputado Pablo Longueira, da União Democrática Independente (direita), foi atacado com ovos, pedras, moedas e terra por um grupo de cerca de cem pessoas ao comparecer para votar em La Pintana, em Santiago.
Aos gritos de "assassino" e "vá embora", ele teve de deixar o local em uma radiopatrulha e votou com proteção policial.
Segundo a imprensa local, ao menos uma pessoa foi detida, acusada de agressões à polícia e de desordem em via pública. Pelo menos um policial ficou ferido.
"São pessoas intransigentes e que não têm cultura democrática", afirmou, contrariado, Longueira. O governo disse que o caso será investigado e os responsáveis, punidos pela Justiça.

Empurra-empurra
Um administrador local que acompanhava Longueira também sofreu agressões. Em Valparaíso, a 120 km de Santiago, um travesti foi preso ao apresentar-se para votar armado.
Houve confusão e empurra-empurra também quando Michelle Bachelet compareceu para votar, com trocas de socos entre fotógrafos que se aglomeravam em torno da candidata socialista.
O candidato da direita, Sebastián Piñera, votou em um ambiente mais tranqüilo, sem registro de incidentes de violência.

Entre vaias e aplausos
Um casal de meia-idade gritava e vaiava, enquanto o empresário Piñera emitia seu voto em uma escola em Santiago.
"Acredito que se deva continuar o processo iniciado por Ricardo Lagos [atual presidente]. Não creio em um milionário que, a esta altura da vida, queira vender a idéia de que agora quer ajudar os pobres, as mulheres e todo o Chile", disse Antonio, explicando sua escolha por Bachelet.
"Nunca poderia votar em um ultradireitista que, além disso, é milionário. O que ele quer é tornar-se ainda mais rico à custa dos chilenos", disse Ema, sua mulher.
"Piñera é inteligente, um economista espetacular e tem cabeça para governar o país, diferentemente da outra pessoa. O país pode ir muito mais longe do que está hoje", rebateu a secretária Barbara Villegas, 22.
"Esse homem [Piñera] vai comandar segundo o coração de Deus, pois recebeu Cristo em seu coração", concordou Isabel Rodríguez.
A gerontologista Angelica de Bianchi espera que Bachelet produza mudanças importantes no país. "Temos muito claro que houve coisas que a Concertação não resolveu no passado. Mas agora que tem maioria no Congresso, vai poder fazer mudanças." (CVN)

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