São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 2007

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Co-acusados de Saddam Hussein são enforcados

Testemunhas e algozes tiveram que se comprometer a portar-se "dignamente"

Durante execução, cabeça do meio-irmão de Saddam foi decapitada, enfurecendo sunitas, que acusam governo de mutilar o corpo

DA REDAÇÃO

Duas semanas após o polêmico enforcamento de Saddam Hussein, o ex-chefe da Corte Revolucionárial Awad al Bandar e o meio irmão do ex-ditador, Barzan Ibrahim, foram enforcados na madrugada de ontem sob normas mais rígidas de segurança, segundo o governo iraquiano.
Os dois foram condenados à morte, em novembro, pelo mesmo crime que Saddam: a morte de 148 xiitas no vilarejo de Dujail, em 1982.
Os algozes e testemunhas da execução tiveram que assinar um termo se comprometendo a respeitar as normas e a se portar de maneira "digna". As novas medidas foram tomadas para evitar os abusos ocorridos na execução de Saddam, quando xiitas o insultaram e filmaram clandestinamente o enforcamento usando celulares.
De acordo com um porta-voz do governo iraquiano, não houve insultos aos condenados. Porém ele acrescentou que "em um raro incidente, a cabeça de Barzan Ibrahim foi separada do corpo durante a execução".
A informação irritou partidários de Saddam, que pediram para ver o vídeo oficial do episódio e verificar a versão oficial. Para eles, "o governo mutilou o corpo [de Ibrahim]".
Em entrevista para a rede de televisão Al Jazeera, Fakhri Saleh, um especialista egípcio em métodos de execução, afirmou que a decapitação pode ocorrer se a corda utilizada for feita de fibra sintética ou se o algoz for inexperiente. "Este é um erro grave, pois execução não significa torturar uma pessoa."
O enforcamento de Bandar e Ibrahim -que ocorreu sem ter sido anunciado pelo governo- deveria ter acontecido em 30 de dezembro, no mesmo dia em quem o de Saddam.
Na ocasião, um assessor do governo afirmou que as execuções haviam sido adiadas para que o ex-ditador fosse "executado em um dia especial".
Segundo um genro de Ibrahim, Azzam Abdullah, a família ficou sabendo da execução pela imprensa. "Nós deveríamos ter sido informados um dia antes, mas parece que o governo não conhece as regras."
Para a Casa Branca, o Iraque "exerceu" a justiça "contra aqueles que foram considerados culpados de crimes brutais contra a humanidade".Entretanto, Condoleezza Rice, secretária de Estado, disse que os EUA estavam "desapontados com o fato de que os acusados não tenham sido tratados com mais dignidade", em referência às execuções.

Novo plano
As primeiras tropas de reforço anunciadas pelo presidente George W. Bush na semana passada começaram a chegar em Bagdá, de acordo com o general americano George Casey.
Porém segundo o "New York Times", o governo iraquiano, liderado por xiitas, não tem cooperado com a nova estratégia norte-americana. Uma das maiores preocupações dos EUA é que governo iraquiano não reprima também as milícias xiitas -estratégia central no novo plano de Bush.
Desde anteontem, o presidente iraquiano, Jalal Talabani, está na Síria para discutir a estabilização do Iraque.
É a primeira visita de um chefe de governo iraquiano à Síria em 30 anos. Talabani, que é curdo, e o ditador sírio, Bashar al Assad, pretendem estudar também formas de impedir que insurgentes iraquianos em fuga atravessem a fronteira para a Síria.


Com agências internacionais


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