São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 2007

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Londres julga suspeitos de ataque falho

Sexteto de origem africana teria tentado explodir bombas em ônibus e trens do metrô duas semanas após ataques que mataram 52

Promotoria descreve réus como extremistas islâmicos; grupo foi detido dias após fracasso do atentado, em que as bombas falharam

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

Seis africanos residentes no Reino Unido começaram a ser julgados ontem sob acusação de tramar um atentado suicida para 14 dias após os ataques que mataram 52 pessoas em Londres, em 7 de julho de 2005. Muktar Ibrahim, Manfo Asiedu, Hussein Osman, Yassin Omar, Ramzi Mohamed e Adel Yahya têm entre 24 e 33 anos e negam as acusações. Todos foram presos naquele mês.
O promotor Nigel Sweeney, que os classificou de "muçulmanos extremistas", afirmou que eles prepararam seis bombas com peróxido de hidrogênio, ácido, acetona e uma espécie de farinha de trigo.
Quatro teriam sido levadas para o metrô e para um ônibus, mas acabariam não explodindo por alguma falha, que a Promotoria não determinou.
Sweeney também afirmou que, com exceção de Adel Yahya, que não participou da execução do plano, todos agiriam como suicidas nos ataques.
Ramzi Mohamed teria escrito uma carta de despedida que foi encontrada rasgada depois de sua prisão, segundo o promotor, e Manfo Asiedu teria perdido a coragem em cima da hora e largado sua bomba.
Hussein Osman, preso na Itália, teria afirmado aos policiais que as bombas eram uma "pegadinha" e não explosivos de verdade, feitas "para defender uma posição política".
"A falha na explosão das bombas não foi devido à intenção dos acusados, mas à sorte da população que viajava naquele dia", afirmou Sweeney.

Posições extremistas
Depois de mostrar um vídeo com a detonação de explosivos semelhantes ao que os acusados teriam fabricado, o promotor pediu ao júri que imaginasse a cena "em um trem ou ônibus". "As evidências irão mostrar que pelo menos Ibrahim, Omar, Osman e Yahya tinham posições extremistas", disse.
Entre as provas da promotoria estão vídeos caseiros mostrando decapitações e imagens do 11 de Setembro achadas nos apartamentos dos acusados.
No relato da acusação, Ibrahim, Omar e Mohamed teriam saído no carro do último com as bombas, na manhã de 21 de julho de 2005, e estacionado diante da estação de Stockwell -a mesma onde o brasileiro Jean Charles de Menezes seria assassinado pela polícia um dia depois, ao ser confundido com um dos terroristas da trama.
Da estação, teriam ligado para Osman, para coordenar os ataques. "Entre 12h30 e 13h daquela quinta-feira, os quatro tentaram explodir suas bombas, três no metrô e outra em um ônibus", disse Sweeney.
O sexteto será julgado por um juri de nove mulheres e três homens, por conspirar para assassinar pessoas e para ameaçar a vida alheia e causar danos graves a propriedades. O julgamento deve durar até abril.


Com agências internacionais

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