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Com promessa de emprego, Romney vence em Michigan
Ex-governador supera McCain, que propunha diversificar a economia local para salvá-la, em primária republicana
Votação em Estado atingido por crise do setor automotor é apática; partido assiste a pulverização de vitórias para escolher seu candidato
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A DETROIT
O presidenciável republicano Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts, venceu
ontem a primária do Estado de
Michigan, onde passou os últimos dias em campanha com a
promessa de recuperar a indústria automotiva local e tirar assim do Estado o maior índice de
desemprego dos EUA (7,4%,
contra 4,7% da média nacional,
segundo dados de novembro).
A vitória em Michigan -seu
Estado natal e onde seu pai foi
governador- era tida como
fundamental para a sobrevivência da candidatura do republicano, que já havia vencido o
"caucus" (assembléia de eleitores) do Estado de Wyoming,
mas perdido em outras duas
eleições em que apostara suas
fichas: Iowa e New Hampshire.
Com 67% dos votos apurados,
Romney tinha 39% da preferência, contra 30% de McCain
e 16% de Mike Huckabee.
Pouco após as 21h, Mike
Huckabee reconheceu a derrota e disse: "Vamos vencer na
Carolina do Sul". Minutos depois, McCain -que propusera
diversificar a economia local
para salvá-la e não encontrou
eco no eleitorado- afirmou em
discurso "respeitar a decisão"
de Michigan. E Romney subiu
ao palco para celebrar o resultado, dizendo novamente que
"Washington está quebrada".
"Vamos fazer algo a respeito".
Sem citar o atual presidente
George W. Bush no discurso,
mas alfinetando o atual governo, disse também: "Tiro minha
inspiração de Ronald Reagan e
George Herbert Bush".
Com a vitória do ex-governador, a situação das primárias
republicanas torna-se ainda
mais pulverizada, com Huckabee vitorioso em Iowa e John
McCain em New Hampshire,
enquanto o ex-prefeito de Nova
York Rudolph Giuliani, durante meses o republicano favorito
nas pesquisas nacionais, tem se
saído mal em todas as votações.
Votação apática
O desânimo das mesárias na
Seção 1 do Distrito 13 de votação, no salão de festas de uma
igreja de Detroit, traduzia ontem o marasmo das primárias
em Michigan. "Você está vendo
a sala vazia, ninguém está vindo
votar. Estamos todos entediados", dizia à reportagem a aposentada Gladys Love, 83, que
ganhou US$ 125 pelo trabalho.
A projeção do Estado era de
que só 20% dos 7,1 milhões de
eleitores registrados iriam às
urnas, mas Gladys avalia que a
neve acumulada nas ruas e o
frio na casa dos 0C pode ter
deixado mais gente em casa.
"Votei em Mitt porque ele é
quem parece ter dado mais
atenção aos problemas de Michigan. Acho importante obter
mais investimentos federais
para a indústria automotiva",
dizia o engenheiro civil Nazar
Sarah, 43 anos, nascido no Iraque e criado no interior do Estado. "Odeio Bush. Ele perdeu a
primária de Michigan [em
2000, para McCain] e por isso
não quis investir no Estado.
Nós somos um Estado rico em
cérebros, só precisamos de um
presidente que olhe para cá."
O futuro de McCain
Apesar da derrota, o segundo
lugar em Michigan ainda deixa
McCain no lucro. "McCain foi
conseguindo se impor em cada
um dos Estados em que já houve primárias e fez de sua candidatura a mais viável até agora. A
candidatura dele é consistente,
com posições muito claras",
disse à Folha Timothy
McCarthy, analista político da
Universidade Harvard.
McCarthy cita quatro fatores
que ajudam a embalar o veterano. "Primeiro, ele sempre foi
um queridinho da mídia, não
só por seu passado de veterano
de guerra mas também por ser
um republicano menos conservador. A segunda questão é
que, com Giuliani enfraquecido, os republicanos não têm
um candidato muito bom, não
têm favorito. A terceira é que
todo mundo se preocupa com a
Guerra do Iraque, e McCain é
mais experiente em problemas
militares e relações externas. E
a quarta é o espaço perdido por
Romney em New Hampshire."
NA INTERNET - Veja o resultado final das primárias em Michigan na
Folha Online www.folha.com.br/mundo
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