São Paulo, quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

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Com promessa de emprego, Romney vence em Michigan

Ex-governador supera McCain, que propunha diversificar a economia local para salvá-la, em primária republicana

Votação em Estado atingido por crise do setor automotor é apática; partido assiste a pulverização de vitórias para escolher seu candidato

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A DETROIT

O presidenciável republicano Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts, venceu ontem a primária do Estado de Michigan, onde passou os últimos dias em campanha com a promessa de recuperar a indústria automotiva local e tirar assim do Estado o maior índice de desemprego dos EUA (7,4%, contra 4,7% da média nacional, segundo dados de novembro).
A vitória em Michigan -seu Estado natal e onde seu pai foi governador- era tida como fundamental para a sobrevivência da candidatura do republicano, que já havia vencido o "caucus" (assembléia de eleitores) do Estado de Wyoming, mas perdido em outras duas eleições em que apostara suas fichas: Iowa e New Hampshire. Com 67% dos votos apurados, Romney tinha 39% da preferência, contra 30% de McCain e 16% de Mike Huckabee.
Pouco após as 21h, Mike Huckabee reconheceu a derrota e disse: "Vamos vencer na Carolina do Sul". Minutos depois, McCain -que propusera diversificar a economia local para salvá-la e não encontrou eco no eleitorado- afirmou em discurso "respeitar a decisão" de Michigan. E Romney subiu ao palco para celebrar o resultado, dizendo novamente que "Washington está quebrada". "Vamos fazer algo a respeito".
Sem citar o atual presidente George W. Bush no discurso, mas alfinetando o atual governo, disse também: "Tiro minha inspiração de Ronald Reagan e George Herbert Bush".
Com a vitória do ex-governador, a situação das primárias republicanas torna-se ainda mais pulverizada, com Huckabee vitorioso em Iowa e John McCain em New Hampshire, enquanto o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, durante meses o republicano favorito nas pesquisas nacionais, tem se saído mal em todas as votações.

Votação apática
O desânimo das mesárias na Seção 1 do Distrito 13 de votação, no salão de festas de uma igreja de Detroit, traduzia ontem o marasmo das primárias em Michigan. "Você está vendo a sala vazia, ninguém está vindo votar. Estamos todos entediados", dizia à reportagem a aposentada Gladys Love, 83, que ganhou US$ 125 pelo trabalho.
A projeção do Estado era de que só 20% dos 7,1 milhões de eleitores registrados iriam às urnas, mas Gladys avalia que a neve acumulada nas ruas e o frio na casa dos 0C pode ter deixado mais gente em casa.
"Votei em Mitt porque ele é quem parece ter dado mais atenção aos problemas de Michigan. Acho importante obter mais investimentos federais para a indústria automotiva", dizia o engenheiro civil Nazar Sarah, 43 anos, nascido no Iraque e criado no interior do Estado. "Odeio Bush. Ele perdeu a primária de Michigan [em 2000, para McCain] e por isso não quis investir no Estado. Nós somos um Estado rico em cérebros, só precisamos de um presidente que olhe para cá."

O futuro de McCain
Apesar da derrota, o segundo lugar em Michigan ainda deixa McCain no lucro. "McCain foi conseguindo se impor em cada um dos Estados em que já houve primárias e fez de sua candidatura a mais viável até agora. A candidatura dele é consistente, com posições muito claras", disse à Folha Timothy McCarthy, analista político da Universidade Harvard.
McCarthy cita quatro fatores que ajudam a embalar o veterano. "Primeiro, ele sempre foi um queridinho da mídia, não só por seu passado de veterano de guerra mas também por ser um republicano menos conservador. A segunda questão é que, com Giuliani enfraquecido, os republicanos não têm um candidato muito bom, não têm favorito. A terceira é que todo mundo se preocupa com a Guerra do Iraque, e McCain é mais experiente em problemas militares e relações externas. E a quarta é o espaço perdido por Romney em New Hampshire."


NA INTERNET - Veja o resultado final das primárias em Michigan na Folha Online www.folha.com.br/mundo


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