São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 2011

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Violência aumenta após a fuga de ditador da Tunísia

Motim em prisão ao sul de Túnis deixa 42 mortos; Exército patrulha ruas

Paradeiro de Ben Ali foi confirmado na Arábia Saudita; presidente do Parlamento assume como interino no país

Fethi Belaid/France Presse
Mercado incendiado em La Gazella, próximo a Túnis

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A violência aumentou ontem na Tunísia, após a queda do ditador Ben Ali, que fugiu na sexta-feira para a Arábia Saudita devido a uma onda de protestos da população.
Lojas da capital, Túnis, foram pilhadas e o Exército patrulha cidades com soldados, tanques e helicópteros. Havia relatos de simpatizantes de Ben Ali atirando de dentro de carros e mirando aleatoriamente em pedestres.
Um incêndio em uma prisão em Monastir (160 km ao sul de Túnis) deixou 42 mortos, segundo a agência oficial de notícias do país, e há notícias de outras rebeliões. Funcionários disseram que mil detentos podem ter fugido.
A polícia trocou tiros com supostos opositores em frente ao Ministério do Interior.
Enquanto a violência se alastrava pelas ruas, as autoridades buscavam colocar fim à crise política afirmando que a prioridade agora é restabelecer a ordem pública.
A Corte Constitucional decidiu ontem que o cargo de presidente interino deve ser ocupado por Fouad Mebazza, chefe do Parlamento.
A resolução, baseada na Constituição, contraria declaração anterior do premiê Mohamed Ghannouchi, que assumiu o poder na sexta.
A corte apontou também que é dever do presidente interino realizar eleições presidenciais em até 60 dias.
A França afirmou ontem que espera que o pleito seja feito o mais breve possível.

COALIZÃO
Mebazza afirmou ontem, durante a cerimônia de juramento na posse do novo cargo, que "todos os tunisianos sem exceção e sem exclusões estarão associados ao processo político em Túnis".
Ontem mesmo o presidente interino recebeu o líder opositor Najib Chebbi, cujo partido era reprimido por Ben Ali. Chebbi disse ter sido convidado para integrar o governo de união nacional.
O presidente interino disse também que pediu ao premiê que forme um governo de coalizão para administrar o país até as próximas eleições.
A Liga Árabe pediu ontem "um consenso nacional sobre maneiras de tirar o país dessa crise de um modo que garanta o respeito pela vontade do povo tunisiano".
Amr Moussa, secretário-geral da liga, disse que os acontecimentos na Tunísia "formam o começo de uma era e o fim de outra".
Dezenas de pessoas se manifestaram diante das embaixadas tunisianas no Egito e na Jordânia, em apoio à derrubada de Ben Ali. O governo do Egito afirmou respeitar as escolhas do povo da Tunísia.
Já o ditador líbio, Muammar Gaddafi, não reconheceu o governo interino e disse que Ben Ali segue sendo o "presidente legal" do país.


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