São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 1999

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CERCO A CLINTON
Promotor pede ao Senado que creia em Lewinsky e afaste o presidente dos EUA
Palavras de Monica são base da acusação

das agências internacionais

A promotoria do processo de impeachment do presidente dos EUA, Bill Clinton, tentou ontem convencer os cem senadores a removê-lo do cargo com base no depoimento da ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky.
"Se você acredita no testemunho de Lewinsky, não pode acreditar no presidente nem aceitar os argumentos de seus advogados", disse o representante republicano Bill McCollum, um dos promotores.
"Se você acredita nela, o presidente adotou uma conduta consciente e intencional em dezembro de 1997 para mentir na corte do caso Paula Jones e esconder o seu relacionamento."
Desde anteontem, a acusação vem apresentando as evidências que levaram a Câmara dos Representantes (deputados) a aprovar o impeachment de Clinton por obstrução da Justiça e falso testemunho nas investigações de seu caso com Lewinsky.
A convocação de testemunhas para o julgamento no Senado segue dividindo republicanos e democratas. McCollum disse que novos depoimentos eliminariam quaisquer dúvidas que possam ter sobrado sobre a conduta ilegal do presidente.
"Se há dúvidas sobre a credibilidade do testemunho de Monica Lewinsky, vocês devem trazê-la para julgarem vocês mesmos."
O porta-voz da Casa Branca, Joe Lockhart, disse que a "obsessão" dos republicanos pela convocação de testemunhas "demonstra uma admissão da fraqueza do caso. Eles não acreditam que ele seja forte e, por isso, tentam expandi-lo".
Os promotores consideram a possibilidade de convocar Clinton para depor. A Casa Branca diz que dificilmente o presidente compareceria, pois já deu explicações suficientes sobre o assunto.
Não está claro ainda se Clinton será obrigado a depor caso seja intimado. Mas um convite do Senado poderia ser um constrangimento político.
Os promotores pretendem convocar pelo menos seis testemunhas. Entre elas estariam Monica Lewinsky, Betty Currie, secretária do presidente, seu amigo Vernon Jordan e seu assessor Sidney Blumenthal.
A argumentação da promotoria continua hoje. A partir de terça, será a vez dos advogados da Casa Branca usufruírem das 24 horas a que têm direito para defender o presidente. Só então os senadores poderão romper o silêncio e fazer perguntas.
São necessários dois terços dos senadores presentes à sessão para que o impeachment seja aprovado, o que é considerado pouco provável, já que a maioria republicana conta com 55 integrantes.



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