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TERCEIRA VIA
Reunião de trabalhistas discute aumento do uso do setor privado em áreas como aposentadoria e auxílio- desemprego
Blair faz plano para cortar gastos sociais
ANDREW GRICE
do "The Independent"
O Partido Trabalhista britânico
traçou planos polêmicos de enxugamento do Estado de Bem-Estar
Social, pelos quais deve aumentar
o número de pessoas que dependerão de planos privados de seguros,
em lugar dos benefícios pagos pelo
Estado.
As propostas revelam que os ministros querem que os britânicos
que tiverem condições financeiras
para tanto se protejam contra "riscos previsíveis", contratando planos privados de seguros.
A esquerda afirma que as modificações implicam "o fim do Estado
de Bem-Estar Social" e podem levar à substituição do salário-desemprego por um seguro privado.
No curto prazo, o governo poderá reduzir a ajuda que presta às
pessoas que possuem casa própria
hipotecada e que perderam seus
empregos. Mas os ministros afirmaram ontem que não vão incentivar a criação de seguros-saúde
privados para
reduzir a pressão sobre o
Serviço Nacional de Saúde.
Os planos do
Partido Trabalhista para um
"novo Estado
de Bem-Estar
Social" serão
discutidos em
seu fórum político nacional,
que terá lugar
em Swansea,
neste fim-de-semana, antes
de serem aprovados no congresso anual
do partido, em
outubro.
De acordo
com as propostas apresentadas, as
novas metas do governo incluiriam o aumento do dinheiro reservado pelos cidadãos para poupança e seguros, "sem incremento da
parcela que fica a cargo do governo". Os planos prevêem uma parceria entre os setores público e privado "para garantir que, sempre
que possível, as pessoas estejam
seguradas contra riscos previsíveis
e poupem dinheiro para suas aposentadorias".
No fórum deste fim-de-semana,
o partido vai informar os participantes que sua liderança rejeitou
fortes pressões feitas pelas bases
no sentido de elevar as aposentadorias básicas pagas pelo Estado
de acordo com os salários, e não
com os preços -vínculo esse que
foi rompido, em 1980, por Margaret Thatcher (então primeira-ministra pelo Partido Conservador).
Foi promovida uma consulta, a
título de teste, no qual várias células do Partido Trabalhista pediram
que o governo tome medidas para
impedir que os pensionistas e aposentados mais pobres empobreçam ainda mais em relação ao resto da sociedade.
A ala esquerda do Partido Trabalhista, liderada pela ex-secretária
do Serviço Social baronesa Castle
pretende combater os planos, mas
a previsão é que Tony Blair consiga
garantir a aprovação de todos. O
premiê vai argumentar que os planos darão ao governo condições de
direcionar os recursos à camada
mais pobre da população.
A nova estratégia de bem-estar
tem como fundamento o corte do
auxílio-desemprego, obrigando os
desempregados a voltar a trabalhar. Os ministros pretendem promover outras mudanças nos sistemas tributário e de benefícios sociais, para fazer
com que "valha a pena trabalhar".
Na sexta-feira à noite, um
ministro declarou: "Queremos mudar toda a cultura do
sistema de auxílios sociais.
Em lugar de
simplesmente
informar as
pessoas dos benefícios aos
quais têm direito, queremos perguntar
a elas que ajuda
precisam para
se tornar independentes".
Para diminuir os temores da esquerda, o governo vai fixar várias
metas para a resolução dos problemas sociais. Entre essas metas figuram a redução do número de jovens e pessoas em idade economicamente ativa que vivem em famílias onde não há nenhum membro
empregado, a redução do número
de desempregados que se encontram nessa situação há mais de
dois anos e o aumento do auxílio
prestado pelos sistemas tributário
e de benefícios sociais às famílias
com filhos pequenos.
Mas os críticos de Blair vêem
com preocupação sua perspectiva
de reduzir o papel do Estado.
˛
Tradução de
Clara Allain
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