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Conheça mais sobre a "Terceira Via' de Blair
ISABEL CLEMENTE
de Londres
Descartar as desvantagens da velha esquerda "estatal" e usar as
vantagens da liberdade de mercado defendida pela direita é a linha-mestra da chamada "Terceira Via"
-nome dado por Tony Blair, primeiro-ministro trabalhista, à proposta de um governo auto-intitulado social-democrata.
Reduzir o papel do Estado, no
entanto, gera polêmica até entre os
próprios trabalhistas.
Para atingir metas preestabelecidas de qualidade na educação, por
exemplo, o governo trabalhista
ameaça privatizar escolas que fiquem abaixo do padrão exigido.
E isso se explica pelo fato de a
maior preocupação desse governo
não ser mais a do Estado que tudo
provê, o chamado "welfare state".
Durante a convenção do Partido
Trabalhista de setembro último, o
premiê britânico antecipara que
haveria mudanças no sistema de
benefícios para desempregados
porque esse, a seu ver, não estimula o retorno ao trabalho.
"Não entrei para a política para
desmantelar o "welfare state'. Eu
acredito nele. Mas reformá-lo é a
única salvação", disse Blair, durante seu discurso na convenção.
O tema virou projeto de lei e foi
abordado no discurso da rainha
Elizabeth 2ª proferido antes da
abertura dos trabalhos no Parlamento, no final de novembro do
ano passado.
O primeiro-ministro sabe estar
combatendo um velho dogma esquerdista.
"O grave erro da esquerda fundamentalista no século 20 foi a crença
de que o Estado poderia substituir
a sociedade civil e, por meio disso,
ampliar a liberdade", explica o líder britânico, no seu pequeno guia
sobre a "Terceira Via".
Blair chegou ao poder, em maio
de 1997, dizendo que pretendia
reunir, em uma única pauta política, temas anteriormente vistos como antagônicos.
"A Terceira Via defende uma social-democracia modernizada,
comprometida com a justiça social, mas flexível em relação aos
meios para alcançá-la", disse o primeiro-ministro.
"O desafio-chave é usar o Estado
como um meio (...) e partir para
parcerias."
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