São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 1999

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Conheça mais sobre a "Terceira Via' de Blair


ISABEL CLEMENTE
de Londres

Descartar as desvantagens da velha esquerda "estatal" e usar as vantagens da liberdade de mercado defendida pela direita é a linha-mestra da chamada "Terceira Via" -nome dado por Tony Blair, primeiro-ministro trabalhista, à proposta de um governo auto-intitulado social-democrata.
Reduzir o papel do Estado, no entanto, gera polêmica até entre os próprios trabalhistas.
Para atingir metas preestabelecidas de qualidade na educação, por exemplo, o governo trabalhista ameaça privatizar escolas que fiquem abaixo do padrão exigido.
E isso se explica pelo fato de a maior preocupação desse governo não ser mais a do Estado que tudo provê, o chamado "welfare state".
Durante a convenção do Partido Trabalhista de setembro último, o premiê britânico antecipara que haveria mudanças no sistema de benefícios para desempregados porque esse, a seu ver, não estimula o retorno ao trabalho.
"Não entrei para a política para desmantelar o "welfare state'. Eu acredito nele. Mas reformá-lo é a única salvação", disse Blair, durante seu discurso na convenção.
O tema virou projeto de lei e foi abordado no discurso da rainha Elizabeth 2ª proferido antes da abertura dos trabalhos no Parlamento, no final de novembro do ano passado.
O primeiro-ministro sabe estar combatendo um velho dogma esquerdista.
"O grave erro da esquerda fundamentalista no século 20 foi a crença de que o Estado poderia substituir a sociedade civil e, por meio disso, ampliar a liberdade", explica o líder britânico, no seu pequeno guia sobre a "Terceira Via".
Blair chegou ao poder, em maio de 1997, dizendo que pretendia reunir, em uma única pauta política, temas anteriormente vistos como antagônicos.
"A Terceira Via defende uma social-democracia modernizada, comprometida com a justiça social, mas flexível em relação aos meios para alcançá-la", disse o primeiro-ministro.
"O desafio-chave é usar o Estado como um meio (...) e partir para parcerias."



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