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Otan sofre resistência em ação no sul afegão
Focos de combate com insurgentes do Taleban e restrições ao uso de força letal dificultam avanço de tropas em Marjah
Morte de 12 civis na véspera motiva proibição a mísseis da coalizão na cidade; em Candahar, ataque aéreo mata outras cinco pessoas
DA REDAÇÃO
As forças da Otan (aliança
militar ocidental) e afegãs que
promovem desde sábado ofensiva para retomar o controle de
Marjah, um reduto do Taleban
na Província de Helmand (sul),
enfrentaram ontem forte resistência de insurgentes ao tentar
conquistar posições na cidade.
No terceiro dia da megaoperação, a maior desde a invasão
do Afeganistão liderada pelos
EUA em 2001, vários focos de
combate eclodiram pela cidade,
e, em um caso, militares americanos tiveram de recuar após
duas investidas frustradas contra um mercado transformado
em trincheira por insurgentes.
A Otan estimava, no fim de
semana, em 400 a mil os membros do Taleban escondidos pela cidade, dificultando o avanço
das tropas e o trabalho de desativação de bombas e de minas e
de reconhecimento do terreno.
Desde anteontem, as forças
da Otan estão proibidas de utilizar sistema de mísseis contra
postos insurgentes, depois que
o disparo de dois artefatos, que
erraram o alvo por 300 metros,
matou 12 civis de uma mesma
família -seis deles crianças.
As operações são também dificultadas pelos novos procedimentos baixados pelo comando
da missão internacional que só
permitem às tropas abrir fogo
no caso de ato hostil. Segundo
um militar dos EUA, as regras
impedem ataques a quem larga
suas armas e se junta aos civis.
Os impedimentos impostos à
utilização da força letal pelos 15
mil homens que fazem parte da
megaoperação -7.500 apenas
na cidade- decorrem da orientação de conquista de apoio popular às ações militares de retomada de controle sobre áreas
dominadas pelos insurgentes.
O foco no controle de aglomerações urbanas e na garantia
da segurança de civis consta da
nova estratégia para o conflito
delineada pelo governo Barack
Obama, anunciada em dezembro do ano passado, que prevê a
transferência do controle de regiões retomadas do Taleban a
Cabul e a lideranças civis locais.
O plano contempla também
o envio de 30 mil soldados adicionais ao Afeganistão durante
este ano, a fim de reverter a recente deterioração da segurança local e iniciar a retirada das
tropas americanas do país em
meados do ano que vem -véspera de ano eleitoral nos EUA.
A operação em curso em
Marjah é considerada o primeiro grande teste das novas diretrizes estabelecidas por Obama. Devido ao redobrado cuidado com a população civil e à
resistência mantida pelo Taleban, a Otan estima em "semanas" o prazo para a retomada
da cidade de 80 mil habitantes.
Até ontem, além dos 12 civis,
tiveram suas mortes confirmadas dois militares estrangeiros,
ainda no sábado, e três soldados afegãos -que pela primeira
vez participam de operações
conjuntas com as forças internacionais-, segundo Cabul. Os
insurgentes mortos chegam a
27, contabiliza a aliança militar.
Segundo o ministro do Interior afegão, Mohammed Hanif
Atmar, o governo tem indícios
de que insurgentes fugidos de
Marjah -desde antes da operação, cuja iminência fora anunciada com antecedência pela
Otan- têm cruzado a fronteira
com o Paquistão e se reagrupado na cidade de Quetta, considerada um bastião do Taleban.
Candahar
Também ontem, um ataque
aéreo da Otan contra supostos
insurgentes matou cinco civis
em Candahar. A cidade forma,
com Marjah, amplo arco no sul
afegão dominado pelo Taleban
e foco do narcotráfico que, se
acredita, financia o grupo -e
cuja retomada integra o plano
sendo posto em prática na cidade da Província de Helmand.
Com agências internacionais e "New York Times"
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