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São Paulo, domingo, 16 de março de 2003

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TROCA DE GERAÇÕES

Conforme esperado, Parlamento indica líder do PC para assumir Presidência no lugar de Jiang Zemin

Eleição de Hu sela transição pacífica na China

DA REUTERS

O Parlamento chinês escolheu ontem o líder do Partido Comunista, Hu Jintao, como sucessor de Jiang Zemin na Presidência do país, aprovando formalmente uma transição histórica para uma geração mais jovem de líderes.
Jiang, que serviu como presidente durante uma década, foi reeleito para a presidência da Comissão Militar Central, o principal posto militar da China, o que garante a manutenção de sua influência sobre as principais decisões do país.
Mas em uma exibição de resistência de parte do Congresso Nacional do Povo, que usualmente se limita a aprovar formalmente as decisões do governo, 7,5% dos legisladores votaram contra Jiang ou se abstiveram.
Com cerca de 3.000 delegados aplaudindo, Hu fez uma série de mesuras e depois trocou um longo aperto de mão e um sorriso caloroso com Jiang.
O principal protegido de Jiang, Zeng Qinghong, 63, um especialista em foguetes transformado em burocrata do partido, foi eleito vice-presidente, ainda que 12,5% dos deputados votassem contra ele ou se abstivessem.
Diplomatas estrangeiros afirmam que os votos negativos e as abstenções, uma rara rejeição de parte de um Parlamento cuja função é essencialmente aprovar as decisões já tomadas pelo Partido Comunista, demonstravam substancial oposição a que Jiang mantivesse parte de seu poder.
Mas não houve virtualmente nenhuma oposição entre os legisladores a que Hu, 60, o principal líder da nova geração, se tornasse presidente. Ele recebeu só quatro votos negativos e três abstenções.
Nas ruas de Pequim, havia poucas dúvidas sobre o resultado da eleição. "Oh, o escolhido é Hu Jintao, quem mais poderia ser?", disse o cabeleireiro Guo Weihua, 32, enquanto assistia à eleição no televisor de um salão de beleza em Pequim. "Mas é claro que Jiang não vai realmente se afastar. Ele continuará mantendo poderes".
Jiang, 76, entregou o comando do partido a Hu em novembro, na primeira transição pacífica de poder na China desde que os comunistas assumiram, em 49, mas pôs no poderoso Comitê Permanente do Politburo, de nove membros, aliados seus e protegidos.
O Parlamento escolheu outro aliado de Jiang, Wu Bangguo, como seu novo presidente, com 2.918 votos a favor, 20 contra e 12 abstenções. Ele substituirá Li Peng. Jiang deve manter a palavra final sobre os assuntos militares e externos, ainda que Hu esteja assumindo como chefe de Estado.
Jiang foi catapultado ao pináculo do poder em 1989, depois que o Exército esmagou as manifestações democráticas lideradas por estudantes na praça Tiananmen. Ele deixou a liderança do partido em novembro, e agora renuncia à Presidência, após dois mandatos de cinco anos.
Outros importantes postos de liderança, como o de premiê, serão decididos nos dias finais da sessão parlamentar, que se encerra na terça-feira.
A nova liderança herdará uma das economias de mais rápido crescimento no mundo, mas precisa enfrentar o desemprego crescente e a distância cada vez maior entre ricos e pobres.
Polindo suas credenciais como "homem do povo", Hu usou a mídia estatal para defender os oprimidos. Ele precisará manter a economia crescendo rápido o bastante para criar empregos para os milhões que as estatais chinesas, muitas delas falidas e em processo de fechamento, vêm demitindo nos últimos anos.


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