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Esquerda declara vitória em El Salvador
Com 90% da apuração, ex-guerrilha vencia direita governista por pequena margem no pleito presidencial
DA REDAÇÃO
A antiga guerrilha FMLN
(Frente Farabundo Martí de
Libertação Nacional) proclamou sua vitória na eleição presidencial em El Salvador.
Foi o pleito mais disputado
no país centro-americano desde o fim da guerra civil, em
1992, e a contagem refletia a
polarização política. Com 90%
dos votos apurados, Mauricio
Funes, da FMLN, tinha 51,2%,
contra 48,8% de Rodrigo Ávila,
da Arena (Aliança Republicana
Nacionalista, de direita, no poder desde 1989).
Funes, 49, declarou sua vitória por volta das 21h (0h30 no
Brasil), antes do encerramento
da apuração. Milhares de eleitores da FMLN saíram às ruas
para comemorar. Cerca de 60%
dos 4,2 milhões de eleitores do
país foram às urnas -o voto
não é obrigatório.
"A esperança venceu o medo", disse Funes, remetendo às
campanhas do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva
e do americano Barack Obama.
Ele disse que suas prioridades
serão o fortalecimento da integração centro-americana e das
relações com os EUA.
Jornalista sem vínculos com
a luta armada, Funes buscou
associar-se à esquerda moderada do continente e citou Lula
como seu "referencial mais
próximo", em entrevista à Folha. O marqueteiro petista
João Santana dirigiu sua propaganda eleitoral.
Ao votar, Rodrigo Ávila, 44,
destacou a lisura do pleito. A
FMLN lançara dúvidas sobre a
neutralidade do Tribunal Supremo Eleitoral, cujos juízes
são indicados pelos partidos,
com maioria da direita.
A campanha governista explorou temores de polarização,
associando Funes ao presidente venezuelano Hugo Chávez.
Ontem, Chávez rechaçou o
uso de sua imagem como "lobo
feroz" para "meter medo nos
povos". Ele afirmou que seu governo queria aprofundar as relações com El Salvador qualquer que fosse o resultado das
eleições -o que "não era possível" sob a atual Presidência, de
Antonio Saca.
A Arena não contou, desta
vez, com o apoio explícito da
Casa Branca, que prometeu
trabalhar com qualquer governo eleito. Nas eleições de 2004,
o governo de George W. Bush
afirmou que uma vitória da esquerda atrapalharia as relações
bilaterais.
A votação salvadorenha foi
transparente, segundo missão
de observadores da OEA (Organização de Estados Americanos), que confirmou "incidentes isolados".
Se confirmada sua vitória,
Funes não terá maioria parlamentar. A FLMN fez a maior
bancada na Assembleia Nacional na eleição legislativa de janeiro último, mas terá de fazer
acordo com partidos de centro,
como o Democrata Cristão.
Metade da população de El Salvador está abaixo da linha da
pobreza e 18% do PIB vem de
remessas de imigrantes nos Estados Unidos.
Com agências internacionais
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