São Paulo, segunda-feira, 16 de março de 2009

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Esquerda declara vitória em El Salvador

Com 90% da apuração, ex-guerrilha vencia direita governista por pequena margem no pleito presidencial

DA REDAÇÃO

A antiga guerrilha FMLN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional) proclamou sua vitória na eleição presidencial em El Salvador.
Foi o pleito mais disputado no país centro-americano desde o fim da guerra civil, em 1992, e a contagem refletia a polarização política. Com 90% dos votos apurados, Mauricio Funes, da FMLN, tinha 51,2%, contra 48,8% de Rodrigo Ávila, da Arena (Aliança Republicana Nacionalista, de direita, no poder desde 1989).
Funes, 49, declarou sua vitória por volta das 21h (0h30 no Brasil), antes do encerramento da apuração. Milhares de eleitores da FMLN saíram às ruas para comemorar. Cerca de 60% dos 4,2 milhões de eleitores do país foram às urnas -o voto não é obrigatório.
"A esperança venceu o medo", disse Funes, remetendo às campanhas do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e do americano Barack Obama. Ele disse que suas prioridades serão o fortalecimento da integração centro-americana e das relações com os EUA.
Jornalista sem vínculos com a luta armada, Funes buscou associar-se à esquerda moderada do continente e citou Lula como seu "referencial mais próximo", em entrevista à Folha. O marqueteiro petista João Santana dirigiu sua propaganda eleitoral.
Ao votar, Rodrigo Ávila, 44, destacou a lisura do pleito. A FMLN lançara dúvidas sobre a neutralidade do Tribunal Supremo Eleitoral, cujos juízes são indicados pelos partidos, com maioria da direita.
A campanha governista explorou temores de polarização, associando Funes ao presidente venezuelano Hugo Chávez.
Ontem, Chávez rechaçou o uso de sua imagem como "lobo feroz" para "meter medo nos povos". Ele afirmou que seu governo queria aprofundar as relações com El Salvador qualquer que fosse o resultado das eleições -o que "não era possível" sob a atual Presidência, de Antonio Saca.
A Arena não contou, desta vez, com o apoio explícito da Casa Branca, que prometeu trabalhar com qualquer governo eleito. Nas eleições de 2004, o governo de George W. Bush afirmou que uma vitória da esquerda atrapalharia as relações bilaterais.
A votação salvadorenha foi transparente, segundo missão de observadores da OEA (Organização de Estados Americanos), que confirmou "incidentes isolados".
Se confirmada sua vitória, Funes não terá maioria parlamentar. A FLMN fez a maior bancada na Assembleia Nacional na eleição legislativa de janeiro último, mas terá de fazer acordo com partidos de centro, como o Democrata Cristão. Metade da população de El Salvador está abaixo da linha da pobreza e 18% do PIB vem de remessas de imigrantes nos Estados Unidos.


Com agências internacionais


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