São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011

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ANÁLISE

Tragédia pode custar mais caro ao mundo do que ao Japão

PETER HADFIELD
DO "GUARDIAN"

Em 1923, quando um forte terremoto destruiu boa parte de Tóquio, o Japão sofreu um baque econômico devastador que pode ter acelerado o início do governo militar. Os mercados financeiros mundiais deram de ombros.
Hoje, o dinheiro japonês exerce papel crucial nos mercados mundiais de ações e títulos de dívida.
O Japão é o segundo maior proprietário estrangeiro de títulos de crédito do governo dos EUA, dono de quase US$ 900 bilhões da dívida pública americana. Desta vez, pode ser o resto do mundo a sofrer um golpe financeiro.
Economias individuais e dinheiro em mãos de seguradoras e instituições financeiras japonesas equivalem a trilhões de dólares em dinheiro vivo.
Quando desastres naturais acontecem no Japão, as pessoas físicas e as empresas precisam desse dinheiro vivo para a reconstrução.
A maioria das famílias no Japão tem dificuldade em fazer seguro contra terremotos. Boa parte da reconstrução terá que ser paga com a montanha de dinheiro poupado por cidadãos comuns.
Para qualquer coisa que esteja segurada, possivelmente chegando a entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões, a situação é complicada.
As seguradoras japonesas também serão obrigadas a vender ativos que têm no exterior, mas serão poupadas do custo total porque fizeram o resseguro no exterior.
Um modelo produzido pelo Banco Tokai em 1989 constatou que o Japão, depois de apresentar crescimento fortemente negativo no curto prazo, se recuperaria na medida em que o dinheiro voltasse para o país e a reconstrução começasse. Seria o resto do mundo, privado desses investimentos, que entraria em recessão.
O efeito imediato do tremor sobre a economia japonesa será o de converter um crescimento previsto em 0,3% para este trimestre em crescimento negativo.
Dentro de um ano, porém, o esforço de reconstrução garantirá um crescimento forte do PIB. A produção de tudo, desde carros até concreto, terá que ser aumentada.


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