São Paulo, domingo, 16 de abril de 2000


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Bombardeios continuam até hoje

do enviado especial

O Iraque continua a ser bombardeado, quase diariamente, por aviões dos EUA e do Reino Unido que patrulham as zonas de exclusão aérea impostas depois da Guerra do Golfo (91), sem consulta à ONU, com o suposto intuito de proteger a população curda, no norte, e a xiita, no sul.
O repórter da Folha viu, perto de Basra (sul), uma ponte destruída, segundo moradores da região, apenas quatro dias antes.
"Não consigo entender como a destruição de uma ponte pode favorecer alguma política estrangeira. Isso só dificulta nossa vida", diz o iraquiano Abdu Assattar.
Na região sul, cuja paisagem é marcada por milhares de tamareiras, vêem-se muitas copas de árvores destruídas por bombas.
O Iraque desfrutou uma pausa breve nos bombardeios quando a Otan (aliança militar ocidental liderada pelos EUA) começou a atacar a Iugoslávia, em 24 de março do ano passado.
Mas, em 5 de abril, no auge da operação militar que visava pôr fim à limpeza étnica promovida pelo ditador Slobodan Milosevic contra os kosovares de origem albanesa, os bombardeios ao Iraque já tinham recomeçado.
Para o embaixador da Rússia junto à ONU, Serguei Lavrov, é "inadmissível" pedir que o Iraque coopere com as Nações Unidas enquanto sofre ataques aéreos.
Lavrov diz que os EUA e o Reino Unido invadiram o espaço aéreo iraquiano cerca de 20 mil vezes desde dezembro de 98, atingindo estações de petróleo e armazéns de comida e matando 144 pessoas, além de ferir 466.
Os EUA já admitiram ter causado a morte de civis, como em janeiro de 99, quando um ataque a um bairro residencial de Basra deixou 11 vítimas.
"Não quero imaginar se o Iraque cooperaria mais caso os ataques acabassem, mas não creio que o bombardeio ajude", disse o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, questionado sobre os comentários do diplomata russo.
"Como podem querer que confiemos naqueles que estão nos atacando? O castigo infligido à população não afeta o regime tirânico iraquiano. Eu diria que norte-americanos e britânicos prestam um bom serviço ao governo", diz o padre Nagib. (PDF)



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