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Bombardeios continuam até hoje
do enviado especial
O Iraque continua a ser bombardeado, quase diariamente, por
aviões dos EUA e do Reino Unido
que patrulham as zonas de exclusão aérea impostas depois da
Guerra do Golfo (91), sem consulta à ONU, com o suposto intuito
de proteger a população curda, no
norte, e a xiita, no sul.
O repórter da Folha viu, perto
de Basra (sul), uma ponte destruída, segundo moradores da região,
apenas quatro dias antes.
"Não consigo entender como a
destruição de uma ponte pode favorecer alguma política estrangeira. Isso só dificulta nossa vida",
diz o iraquiano Abdu Assattar.
Na região sul, cuja paisagem é
marcada por milhares de tamareiras, vêem-se muitas copas de
árvores destruídas por bombas.
O Iraque desfrutou uma pausa
breve nos bombardeios quando a
Otan (aliança militar ocidental liderada pelos EUA) começou a
atacar a Iugoslávia, em 24 de março do ano passado.
Mas, em 5 de abril, no auge da
operação militar que visava pôr
fim à limpeza étnica promovida
pelo ditador Slobodan Milosevic
contra os kosovares de origem albanesa, os bombardeios ao Iraque já tinham recomeçado.
Para o embaixador da Rússia
junto à ONU, Serguei Lavrov, é
"inadmissível" pedir que o Iraque
coopere com as Nações Unidas
enquanto sofre ataques aéreos.
Lavrov diz que os EUA e o Reino Unido invadiram o espaço aéreo iraquiano cerca de 20 mil vezes desde dezembro de 98, atingindo estações de petróleo e armazéns de comida e matando 144
pessoas, além de ferir 466.
Os EUA já admitiram ter causado a morte de civis, como em janeiro de 99, quando um ataque a
um bairro residencial de Basra
deixou 11 vítimas.
"Não quero imaginar se o Iraque cooperaria mais caso os ataques acabassem, mas não creio
que o bombardeio ajude", disse o
secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, questionado sobre os comentários do diplomata russo.
"Como podem querer que confiemos naqueles que estão nos
atacando? O castigo infligido à
população não afeta o regime tirânico iraquiano. Eu diria que
norte-americanos e britânicos
prestam um bom serviço ao governo", diz o padre Nagib.
(PDF)
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