São Paulo, domingo, 16 de abril de 2000


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EUA e Reino Unido defendem bloqueio

do enviado especial

Os EUA e o Reino Unido defendem que o embargo contra o Iraque, iniciado em 1990, deve ser mantido até que seja comprovada a eliminação total das armas de destruição em massa do país.
De acordo com o governo norte-americano, o Iraque poderia voltar a fabricar armamentos caso as sanções se encerrassem.
Quando o Conselho de Segurança da ONU aprovou o embargo, a intenção declarada era a de forçar a desocupação do Kuait, mas a medida foi prolongada, a princípio, segundo as Nações Unidas, para garantir a atuação da missão de inspeção dos arsenais iraquianos, a Unscom (abreviação de Comissão Especial da ONU, em inglês).
O secretário da Defesa do EUA, Wiliam Cohen, disse, na semana passada, que o Iraque ainda tem armas químicas. O país nega.
Cohen propôs, em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), um sistema de alarme e cooperação defensiva entre os países do Conselho de Cooperação do Golfo, formado por Arábia Saudita, Kuait, Qatar, Bahrein, Omã e Emirados Árabes Unidos.
"Há um interesse geral (entre os Estados da região) pelo conceito de iniciativa de cooperação defensiva", afirmou.
Os EUA dizem não ter planos para reduzir as tropas que mantêm na Arábia Saudita -mais de 4.000 soldados.
O sistema proposto, segundo Cohen, garantiria a defesa de todos os membros do CCG por meio de satélites de inteligência norte-americanos que podem detectar o lançamento de um míssil.
Segundo o secretário da Defesa dos EUA, o Iraque ganha cerca de US$ 1 bilhão por ano com a venda de petróleo fora do programa "petróleo por comida" (que permite que o país exporte US$ 5,2 bilhões, em petróleo, a cada seis meses) e "o dinheiro serve para Saddam construir palácios e refazer o armamento de seu país".
Dos US$ 5,2 bilhões, 30% são usados para pagar indenizações de guerra ao Kuait e 4% financiam operações da ONU. O restante (66%) deve servir para comprar alimentos e remédios. Associações de direitos humanos que pedem o fim do embargo afirmam que esse valor é insuficiente para as necessidades iraquianas.
China, França e Rússia manifestaram claramente sua oposição ao embargo, devido a suas consequências, mas o fim das sanções depende também da aprovação dos EUA e do Reino Unido.
Os EUA se opõem ainda à presença de Saddam Hussein no governo, a quem acusam de liderar uma campanha de repressão aos oposicionistas. Por isso, fornecem apoio a grupos que tentam derrubar Saddam, como o Conselho Superior da Revolução Islâmica no Iraque e o Daawa -duas organizações muçulmanas xiitas.
O presidente Bill Clinton firmou, no final de 1998, o Ato de Libertação do Iraque, que previa uma assistência de cerca de US$ 100 milhões em ajuda militar para inimigos de Saddam. "Vamos fazer o que for possível para darmos à oposição uma voz mais efetiva", disse. (PDF)


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