São Paulo, domingo, 16 de abril de 2000


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'Esta geração está perdida'

do enviado especial

Mustafa Abu Ahmad paga 1.500 dinares (cerca de US$ 0,75) ao governo iraquiano, incluindo embalagens melhores que as fornecidas gratuitamente, para comprar comida para sua família, de seis pessoas. Ele, a mulher, o filho Ahmad (engenheiro) e a filha Fátima (que é viúva e tem duas crianças).
Motorista de táxi, Abu Ahmad leva a mulher para jantar fora apenas uma vez a cada dois meses. Mas diz fazer questão de comer carne ao menos três vezes por semana. "Refeição sem carne não tem graça. Vale a pena economizar e trabalhar mais", diz.
O quilo de carne custa cerca de 1.500 dinares, o mesmo valor que garante a cesta básica para sua família inteira. Uma corrida de táxi, dentro de Bagdá, custa em torno de 500 dinares (US$ 0,25).
Abu Ahmad não lembra qual foi a última vez em que foi ao cinema e afirma gostar de reunir-se com amigos às sextas-feiras (dia sagrado para o islamismo), para conversar e jogar "taule" (semelhante ao gamão).
O motorista lutou na guerra entre o Irã e o Iraque (1980-88) e, vítima de um bombardeio, sofreu queimaduras em toda a perna esquerda. Anda com certa dificuldade e diz que sua preocupação maior é garantir a alimentação e a educação das netas. "Esta geração está perdida. Tentamos garantir a formação das crianças em casa, e estou sempre atrás de remédios para minha mulher", afirma.
Abu Ahmad diz que há dois anos não compra nenhuma roupa nova para si, pois "agora a prioridade é alimentar-se bem para não ficar doente". (PDF)


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