São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2004

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Italiano morto vira "herói'; japoneses são libertados

DA REDAÇÃO

A população, a imprensa e os políticos italianos reagiram com emoção à morte do segurança Fabrizio Quattrocchi, 36, por extremistas islâmicos que o seqüestraram no Iraque, anteontem.
O chanceler Franco Frattini disse que o italiano morreu "como herói". "Esse menino, enquanto os assassinos lhe apontavam uma arma, tentou tirar seu capuz e gritou: "agora vou mostrar como morre um italiano'", disse Frattini. "Ele morreu como herói."
O chanceler conversou com o embaixador italiano em Qatar, que, por sua vez, assistiu ao vídeo com as imagens do assassinato, enviado à rede de TV Al Jazira.
A imprensa italiana destacou o assassinato em suas manchetes. "Horror no Iraque, morto refém italiano", escreveu o diário milanês "Corriere della Sera". O jornal do Vaticano, "L'Osservatore Romano", citou "uma execução impiedosa". Em editorial de primeira página, o romano "Il Messagero" falou em "gesto bárbaro que nos deixa estupefatos".
A Casa Branca disse em sua mensagem que o italiano "morreu pela liberdade".
Com outros três italianos ainda em poder dos seqüestradores, que exigem a retirada dos 3.000 soldados italianos do Iraque, o governo busca uma saída negociada.
Ontem, o premiê Silvio Berlusconi convocou uma reunião emergencial com seu gabinete e representantes de agências de combate ao terrorismo, após a qual emitiu um comunicado em que afirma estar trabalhando "em todas as direções possíveis para a libertação imediata e incondicional" dos reféns. Antes, ele reafirmara que manteria as tropas.
"Esse assassinato bárbaro fortalece a determinação italiana de trabalhar pela verdadeira coexistência pacífica no Iraque", disse o presidente Carlo Azeglio Ciampi em uma mensagem de condolências enviada à família da vítima.
Mais de 50 estrangeiros foram capturados desde que começou a onda de seqüestros, há pouco mais de uma semana. Dezenove seguem nas mãos de diferentes grupos extremistas, mas o italiano é o único cuja morte pelos captores foi comprovada.
Ontem, três japoneses -um jornalista e dois assistentes humanitários- capturados na semana passada em Bagdá foram libertados após negociação com os seqüestradores, que exigiam a retirada dos soldados japoneses do Iraque. O governo japonês mantém no país cerca de 500 homens.
Os reféns foram entregues a clérigos islâmicos em Bagdá e levados à embaixada japonesa na capital. As imagens dos três cativos vendados e ameaçados pelos extremistas, exibidas após sua captura por TVs árabes, chocou a comunidade internacional.
Tóquio continua investigando se outros dois japoneses desaparecidos anteontem estão em poder de seqüestradores.
A Rússia, que não apoiou a guerra (mas tem civis trabalhando na reconstrução), iniciou ontem a retirada de seus cidadãos do Iraque com a remoção de 366 pessoas, numa operação de dois dias que deve resultar na saída de mais de 800 civis, entre russos e cidadãos de ex-repúblicas soviéticas.
A retirada, promovida pelo governo russo, não é compulsória. Cerca de 300 civis optaram por continuar no Iraque.
Três russos e cinco ucranianos (que trabalhavam para a empresa de energia russa Interenergoservis no Iraque) foram seqüestrados e libertados nesta semana.
Manila também decidiu retirar cerca de 3.000 civis filipinos que estão no Iraque. Mas os cerca de cem soldados enviados ao país continuarão lá.


Com agências internacionais

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