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IRAQUE OCUPADO
Rumsfeld diz que não previa tamanha deterioração da segurança; EUA ampliarão estadia de soldados
Iraquianos matam diplomata iraniano
DA REDAÇÃO
Insurgentes iraquianos mataram ontem a tiros um diplomata
do Irã em Bagdá, no momento em
que o país vizinho media um impasse entre as forças de ocupação
e um líder radical xiita em Najaf.
O governo iraniano confirmou
que Khalil Naimi, primeiro secretário da Embaixada do Irã em
Bagdá, foi atingido quando dirigia
para o trabalho, perto da missão
iraniana, e morreu imediatamente. Os agressores fugiram noutro
veículo sem serem identificados.
A Chancelaria iraniana investiga se há relação entre o assassinato do diplomata e a colaboração
de Teerã, onde vigora um regime
teocrático xiita, nas negociações
em Najaf. Os dois países estiveram em guerra de 1980 a 1988.
O Irã enviou uma delegação ao
Iraque para mediar o impasse entre o clérigo xiita Moqtada al Sadr,
que está sitiado por 2.500 soldados dos EUA em Najaf, e as forças
de ocupação. Al Sadr, que exige a
retirada americana e liderou um
levante contra os EUA no início
do mês, após ter seu jornal fechado, aceitou negociar sem precondições diante da pressão de líderes xiitas mais graduados.
Segundo o governo iraniano, os
EUA pediram sua intervenção na
negociação, apesar das relações
congeladas entre os dois países.
Embora o comando americano
tenha declarado que pretende
prender ou matar Al Sadr, busca-se evitar a entrada em Najaf, já
que a invasão da cidade sagrada
xiita poderia provocar uma revolta popular generalizada no país, já
conturbado pelos confrontos entre ocupantes e insurgentes.
Surpresa
O outro foco de tensão é Fallujah (sunita), a oeste de Bagdá, onde os americanos apreenderam
armas. O chefe do Estado-Maior
das Forças Armadas dos EUA, general Richard Myers, disse que os
marines que controlaram o levante na cidade, onde vigora um frágil cessar-fogo, não conterão a situação por muito tempo.
"Em dado momento, alguém
terá de decidir o que faremos, e
não podemos descartar o uso da
força lá mais uma vez", disse
Myers, que está no Iraque para
avaliar a segurança.
Ataques terrestres e aéreos dos
EUA contra Fallujah neste mês
mataram mais de 600 iraquianos,
metade dos quais seria de civis,
segundo entidades humanitárias.
No início desta semana, uma ação
americana em um vilarejo perto
de Fallujah resultou na morte de
mais de cem iraquianos que os
EUA dizem ser insurgentes.
As mortes de soldados americanos também estão disparando.
Ontem, mais um militar foi morto
na cidade de Samarra, na região
central do Iraque, elevando para
88 os mortos neste mês.
Myers e o secretário da Defesa
americano, Donald Rumsfeld,
confirmaram ontem que, diante
dos quadros, a licença de cerca de
20 mil soldados que sairiam de férias no próximo mês será suspensa, e eles terão sua estada ampliada. O comandante das forças dos
EUA no Oriente Médio, general
John Abizaid, e no Iraque, general
Ricardo Sanchez, solicitaram
"maior capacidade [bélica] dada a
atual situação de segurança no
país", disse Myers. "Essa capacidade será ampliada."
Já Rumsfeld expressou surpresa
quanto ao número de soldados
mortos recentemente. "Eu certamente não estimaria que teríamos
uma perda de vidas tão grande
quanto na semana passada", disse
o secretário. "Se há um ano vocês
[a imprensa] me pedissem para
descrever como eu achava que estaria o Iraque agora, não é esse cenário que eu descreveria."
A violência também pode prejudicar o cronograma político do
país, que recuperará a soberania
no próximo dia 30 de junho.
Segundo a ONU, se a lei eleitoral
-ainda em fase de elaboração-
não for endossada dentro de seis
semanas, não será possível realizar eleições gerais na data prevista, 31 de janeiro de 2005.
Com agências internacionais
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