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Visão otimista
ignora história
dos conflitos
DA REPORTAGEM LOCAL
O Irã é o alvo que os planejadores americanos gostariam de ter tido em lugar do
Iraque. Em vez de uma guerra terrestre apoiada pela
aviação e seguida de ocupação, a tarefa poderia constituir apenas em uma série de
ataques aéreos para destruir
alvos pontuais.
Isso, claro, em um mundo
ideal. Na realidade, bombardear o Irã pode criar um
conflito maior e afetar radicalmente a exportação de
petróleo do Oriente Médio.
O governo dos EUA achava que as tropas seriam recebidas com flores no Iraque.
Do mesmo modo, alguns
desses alucinados "estrategistas" acham agora que
bombardear o Irã poderia
causar a queda do regime
dos aiatolás.
Essas visões otimistas vão
contra a experiência histórica. Nem tropas de ocupação
costumam ser bem-vindas,
nem bombardeios quebram
o moral dos bombardeados.
Mas é inegável que o Irã
tem alvos bem mais fáceis
que a insurgência iraquiana.
Forças irregulares, guerrilhas, terroristas conseguem
se esconder com facilidade.
Não é o caso de uma instalação industrial de enriquecimento de urânio.
Se existe um alvo, os EUA
conseguem bombardeá-lo.
Com aviões baseados em
países vizinhos, outros em
porta-aviões, com mísseis de
navios de superfície e submarinos. Basta a decisão e o
programa nuclear do Irã desaparece da noite para o dia.
O problema é o que vem
depois. Os aiatolás vão querer reagir contra o "Grande
Satã", seja militarmente, ou
apoiando ações de terror.
Com sua longa costa marítima nos golfos Pérsico e de
Omã, o Irã está bem posicionado para tentar cortar o fluxo de petróleo para o Ocidente. Durante a guerra com
o Iraque isso foi tentado e
em parte deu certo.
A marinha dos EUA e forças navais de aliados tiveram
que se envolver, escoltando
petroleiros de países amigos.
A guerra aeronaval em um
espaço marítimo restrito é
particularmente difícil, mesmo para a moderna tecnologia militar ocidental.
Se o Irã retaliar contra a
navegação dos mares em seu
entorno, com aviões, navios
e pequenas embarcações de
guerra, é difícil prever o que
pode acontecer.
(RICARDO BONALUME NETO)
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