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ITÁLIA
Candidato de centro-esquerda, que deve ter ratificada sua vitória, exorta premiê a se retratar por acusação de fraude
Berlusconi deve desculpas ao país, diz Prodi
DA REDAÇÃO
O líder do bloco de centro-esquerda, Romano Prodi, exortou
ontem o atual primeiro-ministro
do país, Silvio Berlusconi, a admitir a derrota nas eleições legislativas dos dias 2 e 3 e a se desculpar
pela afirmação de que houve fraude na votação.
"Ele deve reconhecer como as
coisas se passaram e, igualmente,
deve desculpar-se sobre o que falou sobre fraude", afirmou Prodi
durante entrevista concedida em
Bologna, onde mora, ontem de
manhã. Ainda não foram divulgados os resultados finais, pois as
autoridades eleitorais ainda examinam os votos contestados.
Na semana passada, Berlusconi
dissera que houve fraude nas eleições, mas rapidamente voltou
atrás em seus comentários.
O premiê conservador não deu
declarações públicas ontem, após
definir-se, na sexta, como um "lutador" e um "otimista". Uma carta sua publicada no principal diário da Itália, o "Corriere della Sera", indica que agora ele está procurando resguardar-se.
"Pelo menos, considerando-se
o voto popular, não há nem vencedor nem perdedor", escreveu
na carta. Horas antes, havia afirmado que ainda tinha esperança
de que fosse declarado vencedor,
enquanto prosseguia a recontagem. Mas a recontagem provavelmente confirmará a apertada vitória de Prodi, depois que as autoridades reduziram sensivelmente
o número de votos contestados.
O resultado oficial encerraria
vários dias de impasse. Prodi obteve uma maioria mínima nas
duas casas do Parlamento, mas
Berlusconi apontou supostas irregularidades e pediu recontagem.
Na sexta, o ministro do Interior
reduziu drasticamente o número
de votos contestados -de 80 mil
para 5.200-, abortando a esperança de Berlusconi de manter o
poder desse modo. O ministro
afirmou que a confusão foi provocada pela inclusão na contagem,
por engano, de votos em branco.
Assim que a recontagem dos
votos contestados estiver concluída, uma alta corte italiana, a Corte
de Cassação, ratificará o resultado
eleitoral. Ainda não está claro
quando ela ocorrerá, mas, como
amanhã é feriado nacional na Itália, será somente a partir de terça-feira que ela deverá acontecer.
Apelo à coalizão
Em sua carta, Berlusconi também renovou um apelo que fez à
oposição para criar uma coalizão
governamental, afirmando que
"um acordo parcial, limitado no
tempo e em seus objetivos, lidando com os compromissos institucionais, econômicos e internacionais, em princípio não deveria ser
descartado".
O premiê já havia levantado a
possibilidade de uma "grande
coalizão", mas Prodi e seus aliados rapidamente rejeitaram a
proposta. Prodi não precisará do
apoio de Berlusconi para compor
o governo, ainda que sua maioria
de senadores seja de apenas dois.
Mesmo os políticos do bloco de
centro-direita demonstraram ceticismo em relação à proposta de
Berlusconi. Alguns chegaram a
dizer que se opõem a qualquer
composição com a centro-esquerda, e outros exortaram-no a
admitir a derrota.
"Parece-me que a idéia de não
reconhecer o resultado está perdendo terreno a cada hora", disse
Franco Pavoncello, um professor
de ciência política na Universidade John Cabot. Mas, para ele, o
premiê está olhando para a frente.
"Berlusconi está tentando construir um papel político para si e
para sua coalizão de centro-direita depois da eleição", disse.
Mesmo após a confirmação dos
resultados, ainda levará semanas
para que Prodi assuma. Pois cabe
ao presidente em exercício, Carlo
Azeglio Ciampi, autorizá-lo a formar o gabinete. Entretanto seu
mandato termina em meados de
maio, e Ciampi já disse que deixará a decisão para seu sucessor . O
Parlamento tem até 13 de maio
para eleger um novo presidente.
Com agências internacionais
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