São Paulo, quinta-feira, 16 de abril de 2009

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Lula e americano acertam tática antiatritos

DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os presidentes dos EUA, Barack Obama, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, conversam hoje por telefone para discutir como evitar confrontos dos líderes de Venezuela e Bolívia com o colega americano na Cúpula das Américas.
A reunião de Obama com os 12 países da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), sábado, a pedido de Obama, será o primeiro encontro dele com os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia). O americano vê em Lula uma espécie de "aparador de arestas", para possibilitar uma aproximação pacífica com os dois adversários dos EUA.
A conversa coincide com o encontro da Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas) que Chávez sedia hoje na Venezuela, também como preparação para a Cúpula das Américas. O dirigente cubano Raúl Castro, excluído da reunião de Trinidad e Tobago, estará presente, assim como o presidente paraguaio, Fernando Lugo, convidado apesar de não fazer parte da Alba (Bolívia, Cuba, Dominica, Honduras e Nicarágua, além da Venezuela).
Segundo interlocutores da Presidência, Lula recebeu carta branca de Chávez para intermediar relação com os EUA. Morales também pediu que o presidente brasileiro ajude a promover a volta da Bolívia à ATPDEA, mecanismo que facilita a exportação de têxteis aos EUA e do qual o país foi excluído depois de expulsar a DEA, a agência antidrogas americana.

Cuba na OEA
Mas o presidente brasileiro não fará somente o papel de conciliador. Lula vai cobrar de Obama o fim das restrições americanas à importação do álcool e pressionará pela volta de Cuba à OEA (Organização dos Estados Americanos), de onde foi suspensa em 1962.
"O único país da América que não retomou [laços diplomáticos] com Cuba foram os EUA. Essa questão [da expulsão de Cuba da OEA] tinha significado na Guerra Fria, que já acabou", disse Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência, que participou ontem no Rio do Fórum Econômico Mundial para a América Latina.
Segundo Garcia, o movimento pró-Cuba na OEA tem o apoio de todos os líderes da Unasul e é liderado por Brasil e Colômbia. Mas o presidente colombiano, Álvaro Uribe, presente no encontro no Rio, disse que não poderia "adiantar" sua posição sobre a questão.
Em entrevista no fórum, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saudou a Cúpula das Américas. "É a primeira participação do presidente Obama numa reunião com toda a América Latina. No mesmo dia, ele tem encontro com os três fóruns multilaterais da nossa querida América Latina. É importante conhecer as pessoas que serão seus parceiros nos próximos quatro anos", disse.
(PEDRO SOARES, JANAÍNA LAGE E SIMONE IGLESIAS)


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