São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2010

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Coreia do Norte faz festa para "Pai da Nação"

Folha testemunha, em Pyongyang, comemorações pelos 98 anos de nascimento de Kim Il-sung, "presidente eterno" do país

Cerca de 100 mil pessoas se reúnem às margens de principal rio da capital para festejo comandado por Kim Jong-il, filho do líder morto


SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A PYONGYANG

Milhares de norte-coreanos saíram ontem às ruas para celebrar os 98 anos do nascimento de Kim Il-sung, o ""Pai da Nação", morto em 1994, e proclamado ""presidente eterno" da República Democrática Popular da Coreia. A festa foi comemorada em diversos pontos da capital. Estudantes, militares, famílias inteiras percorreram quilômetros a pé pela cidade para comemorar a data. Celebrações infantis, festivais de dança e paradas cívicas foram realizadas em Pyongyang.
A comemoração teve início na noite de anteontem, quando cerca de 100 mil pessoas se reuniram em uma das margens do principal rio da cidade, o Dae Dong Gang, para assistir a uma queima de fogos. Às 20h15, todas as luzes da fria capital norte-coreana (a temperatura era de cerca de 5º C) foram apagadas para dar início ao show, que pôde ser visto em outros pontos de Pyongyang.
Com duração de pouco mais de uma hora, a festa misturou música, balé de águas, luzes e fogos. Em meio à escuridão, apenas a expressão "Unidade Monolítica" podia ser lida no alto de um dos prédios que serviam de cenário.
A festa contou com a presença do ""Querido Líder" Kim Jong-il, filho e sucessor de Kim Il-sung. A Folha ficou a cerca de 300 metros do dirigente, mas não pôde fotografá-lo. As aparições do ""Querido Líder" raramente são registradas por fotógrafos. Os coreanos aplaudiam os fogos, que faziam coreografias no céu da capital. As maiores bombas alcançam cerca de 200 metros de altura.
O Palácio do Sol foi um dos lugares mais visitados ontem da capital. Milhares de coreanos foram ao mausoléu do "Pai da Nação". A construção impressiona pelo gigantismo e é toda decorada em mármore. O visitante percorre mais de 500 metros de corredores em esteira rolantes antes de entrar nos salões. Logo na chegada, há uma estátua monumental de Kim Il-sung. Todos os visitantes prestam reverência.
O grande momento está no Grande Salão, onde fica o corpo de Kim, que está deitado em um féretro de vidro. Coreanos de todas as partes do país visitaram o palácio. Já do lado de fora da construção, cerca de 10 mil estudantes festejaram os 98 anos de nascimento do líder. Decorado com bolas do Partido dos Trabalhadores, o único no país, a festa reverencia heróis da independência norte-coreana.
A movimentação nas calçadas foi intensa pela cidade, já que as ruas das avenidas ficam vazias o dia inteiro. O país tem uma das menores frotas de automóveis do mundo. Quase todos pertencem a estrangeiros ou a membros do governo. Os moradores percorrem quilômetros pelas ruas da cidade. Quando estão fora das estações do metrô, os coreanos caminham pelas calçadas. Os ônibus, a maioria importados da extinta Alemanha Oriental nos anos 90, são escassos.
A cidade foi praticamente destruída durante a Guerra da Coreia (1950-1953). Com ajuda da União Soviética, a capital foi inteiramente reconstruída de acordo com os planos de Kim Il-sung.
Sem poder contar com o apoio dos países comunistas, o país enfrenta uma grave crise energética. De noite, as ruas ficam às escuras. Poucas avenidas são iluminadas. Mesmo assim, os coreanos continuavam a andar ontem pela cidade na volta da celebração do aniversário do ""presidente eterno".

Líder é venerado 16 anos após sua morte

www.folha.com.br/1010512



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