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Coreia do Norte faz festa para "Pai da Nação"
Folha testemunha, em Pyongyang, comemorações pelos 98 anos de nascimento de Kim Il-sung, "presidente eterno" do país
Cerca de 100 mil pessoas se reúnem às margens de principal rio da capital para festejo comandado por Kim Jong-il, filho do líder morto
SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A PYONGYANG
Milhares de norte-coreanos
saíram ontem às ruas para celebrar os 98 anos do nascimento
de Kim Il-sung, o ""Pai da Nação", morto em 1994, e proclamado ""presidente eterno" da
República Democrática Popular da Coreia.
A festa foi comemorada em
diversos pontos da capital. Estudantes, militares, famílias inteiras percorreram quilômetros a pé pela cidade para comemorar a data. Celebrações
infantis, festivais de dança e paradas cívicas foram realizadas
em Pyongyang.
A comemoração teve início
na noite de anteontem, quando
cerca de 100 mil pessoas se reuniram em uma das margens do
principal rio da cidade, o Dae
Dong Gang, para assistir a uma
queima de fogos. Às 20h15, todas as luzes da fria capital norte-coreana (a temperatura era
de cerca de 5º C) foram apagadas para dar início ao show, que
pôde ser visto em outros pontos de Pyongyang.
Com duração de pouco mais
de uma hora, a festa misturou
música, balé de águas, luzes e
fogos. Em meio à escuridão,
apenas a expressão "Unidade
Monolítica" podia ser lida no
alto de um dos prédios que serviam de cenário.
A festa contou com a presença do ""Querido Líder" Kim
Jong-il, filho e sucessor de Kim
Il-sung. A Folha ficou a cerca
de 300 metros do dirigente,
mas não pôde fotografá-lo. As
aparições do ""Querido Líder"
raramente são registradas por
fotógrafos.
Os coreanos aplaudiam os fogos, que faziam coreografias no
céu da capital. As maiores
bombas alcançam cerca de 200
metros de altura.
O Palácio do Sol foi um dos
lugares mais visitados ontem
da capital. Milhares de coreanos foram ao mausoléu do "Pai
da Nação". A construção impressiona pelo gigantismo e é
toda decorada em mármore. O
visitante percorre mais de 500
metros de corredores em esteira rolantes antes de entrar nos
salões. Logo na chegada, há
uma estátua monumental de
Kim Il-sung. Todos os visitantes prestam reverência.
O grande momento está no
Grande Salão, onde fica o corpo
de Kim, que está deitado em
um féretro de vidro. Coreanos
de todas as partes do país visitaram o palácio.
Já do lado de fora da construção, cerca de 10 mil estudantes
festejaram os 98 anos de nascimento do líder. Decorado com
bolas do Partido dos Trabalhadores, o único no país, a festa
reverencia heróis da independência norte-coreana.
A movimentação nas calçadas foi intensa pela cidade, já
que as ruas das avenidas ficam
vazias o dia inteiro. O país tem
uma das menores frotas de automóveis do mundo. Quase todos pertencem a estrangeiros
ou a membros do governo.
Os moradores percorrem
quilômetros pelas ruas da cidade. Quando estão fora das estações do metrô, os coreanos caminham pelas calçadas. Os ônibus, a maioria importados da
extinta Alemanha Oriental nos
anos 90, são escassos.
A cidade foi praticamente
destruída durante a Guerra da
Coreia (1950-1953). Com ajuda
da União Soviética, a capital foi
inteiramente reconstruída de
acordo com os planos de Kim
Il-sung.
Sem poder contar com o
apoio dos países comunistas, o
país enfrenta uma grave crise
energética. De noite, as ruas ficam às escuras. Poucas avenidas são iluminadas. Mesmo assim, os coreanos continuavam
a andar ontem pela cidade na
volta da celebração do aniversário do ""presidente eterno".
Líder é venerado 16 anos
após sua morte
www.folha.com.br/1010512
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