São Paulo, domingo, 16 de maio de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Após perder 13 soldados, Exército lança nove mísseis contra posições de grupo terrorista e demole casas em Rafah

Israel ataca alvos do Jihad Islâmico em Gaza

DA REDAÇÃO

Helicópteros israelenses lançaram ontem foguetes contra alvos ligados ao grupo terrorista palestino Jihad Islâmico na faixa de Gaza, enquanto moradores voltaram ao campo de refugiados de Rafah para avaliar a extensão da demolição de casas empreendida por Israel nos últimos dias. Também houve dois ataques com mísseis contra o prédio usado pela Fatah, grupo político palestino liderado por Iasser Arafat.
Ontem, foi o 56º aniversário da fundação do Estado de Israel, qualificada pelos árabes como o dia da "catástrofe". Em Ramallah, na Cisjordânia, Arafat pediu à população para "aterrorizar o inimigo". Também disse estar pronto para fazer a paz com Israel.
Israel lançou ao todo 11 mísseis contra alvos na Cidade de Gaza e em Rafah, ao sul de Gaza. Não houve mortos. Na Cidade de Gaza, os foguetes teriam atingido dois prédios que albergam escritórios do Jihad Islâmico, mas eles estariam vazios. Em Rafah, visaram a casa de um líder do grupo, mas ele não estava em casa.
Segundo Israel, os alvos serviam para recrutamento de terroristas, planejamento de atentados e laboratórios de bombas.
O Jihad Islâmico assumiu a responsabilidade por duas emboscadas contra veículos militares israelenses nesta semana, que resultaram na morte de 11 soldados. Treze militares de Israel morreram em Gaza nos últimos dias.
Do lado palestino, os conflitos mataram 31 e feriram mais de 300.
Ontem de manhã, o Exército israelense se retirou do acampamento de Rafah, perto da fronteira com o Egito. "Ao entrarmos em Rafah nesta manhã, encontramos 88 construções, onde viviam 206 famílias, demolidas", disse Paul McCann, funcionário da ONU.
Israel afirma ter destruído construções usadas como esconderijo por militantes palestinos. O Exército também pretende alargar a zona de segurança entre Rafah e a fronteira egípcia, que, mesmo se houver uma retirada das forças israelenses de Gaza, como pretende o premiê de Israel, Ariel Sharon, deverá ficar sob controle de Israel.
Mais de 1.000 casas teriam sido destruídas por Israel no campo de Rafah durante a atual Intifada (levante palestino). Israel diz que na área há túneis secretos de ligação com o Egito por onde passam armas contrabandeadas.
Em discurso pela TV, Arafat pediu aos palestinos para encontrar "força" para "aterrorizar nosso inimigo e o inimigo de Deus", citando um trecho do Alcorão (livro sagrado dos muçulmanos). "E se eles quiserem paz, então teremos paz", disse ele.
Israel acusa Arafat de apoiar os grupos terroristas palestinos -o que ele nega- e condiciona a retomada de negociações de paz a um cessar-fogo unilateral por parte dos palestinos e ao desmantelamento dos grupos terroristas.
A fala de Arafat, embora possa ser vista como apoio ao terrorismo, vem de um trecho do Alcorão que se refere a antigas guerras muçulmanas contra pagãos e é comumente utilizado por líderes islâmicos em épocas de conflito.
Ao meio-dia, os palestinos fizeram três minutos de silêncio para lembrar 15 de maio de 1948, quando foi criado o Estado de Israel.
Na guerra árabe-israelense que se seguiu, centenas de milhares de palestinos deixaram suas casas em terras hoje situadas em território israelense. Esses refugiados e seus descendentes, que contabilizam milhões, exigem o direito de retorno a suas propriedades, mas Israel não o reconhece.
Ontem, houve uma manifestação pluripartidária em Tel Aviv, capital de Israel, em apoio ao plano de retirada de Gaza proposto por Sharon, mas rejeitado, em referendo, por membros de seu partido, o Likud.


Com agências internacionais



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