São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007

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Divergências à parte, Rússia e EUA tentam baixar tom

Após reunir-se com Putin em Moscou, Rice diz que país algum pode vetar sistema de defesa americano na Europa

Secretária de Estado dos EUA diz que Kosovo jamais voltará a ser parte da Sérvia, em mais um desencontro de opiniões com o Kremlin

DA REDAÇÃO

Rússia e Estados Unidos concordaram ontem que é preciso baixar o tom da retórica que, nos últimos meses, ajudou a criar o pior momento entre os dois países desde o fim da Guerra Fria.
Ao mesmo tempo, no encontro que tiveram nos arredores de Moscou, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, mantiveram vivas as divergências que estremeceram as relações, principalmente sobre o escudo antimísseis que os EUA querem estender à Europa.
Rice deixou claro que nenhum país pode "vetar" o plano americano de construir instalações de seu sistema de defesa em países da Europa, aos quais a Rússia se opõe veementemente, por achar que ameaçam sua segurança.
A tensão entre os dois países aumentou significativamente desde que Washington anunciou, no começo do ano, a intenção de instalar um radar na República Tcheca e lançadores de mísseis na Polônia. O objetivo, alegam os EUA, é proteger-se de um ataque do Irã.
"Nós conversamos sobre a necessidade de manter a temperatura [das acusações] baixa", confirmou Rice após reunir-se com Putin. Rice classificou de "retórica superaquecida" algumas declarações de Putin, sobretudo o discurso recente para marcar a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, em que pareceu comparar a política americana à do Terceiro Reich nazista.
Apesar das declarações coincidentes sobre a necessidade de conter a escalada retórica, um evento planejado para que Rice e Putin falassem à imprensa e fossem fotografados juntos foi cancelado. No lugar do presidente, o chanceler russo, Serguei Lavrov, foi encarregado de resumir o encontro.
"Sempre haverá situações em que nossas posições não coincidem", disse o chanceler, atribuindo a um exagero as especulações sobre um rompimento "catastrófico" entre os dois países e o surgimento de uma nova Guerra Fria. Reiterou, porém, que a Rússia considera o escudo uma ameaça.
Apesar de ter repetido a oferta de cooperação com a Rússia, Rice disse que os EUA não recuarão no projeto antimísseis, mesmo que isso signifique um choque com Moscou. "Os Estados Unidos precisam ser capazes de avançar e usar tecnologia para se defender e é isso o que iremos fazer", disse ela.
Lavrov afirmou que a Rússia tem interesse em fortalecer a parceria com os EUA em temas como o uso pacífico de energia atômica, mas não escondeu que as divergências vão além do escudo americano. Um dos temas de desacordo é a definição do status de Kosovo. Moscou quer que o território mantenha-se como uma Província da Sérvia, país que é um antigo aliado
A Rússia já deu sinais de que vetará a proposta da ONU de conceder independência a Kosovo sob supervisão da União Européia. O que cria mais um ponto de atrito com Washington. "Kosovo jamais voltará a ser parte da Sérvia", disse Rice. "Isso não é possível".


Com agências internacionais


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