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Divergências à parte, Rússia e EUA tentam baixar tom
Após reunir-se com Putin em Moscou, Rice diz que país algum pode vetar sistema de defesa americano na Europa
Secretária de Estado dos EUA diz que Kosovo jamais voltará a ser parte da Sérvia, em mais um desencontro de opiniões com o Kremlin
DA REDAÇÃO
Rússia e Estados Unidos concordaram ontem que é preciso
baixar o tom da retórica que,
nos últimos meses, ajudou a
criar o pior momento entre os
dois países desde o fim da
Guerra Fria.
Ao mesmo tempo, no encontro que tiveram nos arredores
de Moscou, a secretária de Estado americana, Condoleezza
Rice, e o presidente da Rússia,
Vladimir Putin, mantiveram
vivas as divergências que estremeceram as relações, principalmente sobre o escudo antimísseis que os EUA querem estender à Europa.
Rice deixou claro que nenhum país pode "vetar" o plano
americano de construir instalações de seu sistema de defesa
em países da Europa, aos quais
a Rússia se opõe veementemente, por achar que ameaçam
sua segurança.
A tensão entre os dois países
aumentou significativamente
desde que Washington anunciou, no começo do ano, a intenção de instalar um radar na
República Tcheca e lançadores
de mísseis na Polônia. O objetivo, alegam os EUA, é proteger-se de um ataque do Irã.
"Nós conversamos sobre a
necessidade de manter a temperatura [das acusações] baixa", confirmou Rice após reunir-se com Putin. Rice classificou de "retórica superaquecida" algumas declarações de Putin, sobretudo o discurso recente para marcar a derrota da
Alemanha na Segunda Guerra
Mundial, em que pareceu comparar a política americana à do
Terceiro Reich nazista.
Apesar das declarações coincidentes sobre a necessidade de
conter a escalada retórica, um
evento planejado para que Rice
e Putin falassem à imprensa e
fossem fotografados juntos foi
cancelado. No lugar do presidente, o chanceler russo, Serguei Lavrov, foi encarregado de
resumir o encontro.
"Sempre haverá situações
em que nossas posições não
coincidem", disse o chanceler,
atribuindo a um exagero as especulações sobre um rompimento "catastrófico" entre os
dois países e o surgimento de
uma nova Guerra Fria. Reiterou, porém, que a Rússia considera o escudo uma ameaça.
Apesar de ter repetido a oferta de cooperação com a Rússia,
Rice disse que os EUA não recuarão no projeto antimísseis,
mesmo que isso signifique um
choque com Moscou. "Os Estados Unidos precisam ser capazes de avançar e usar tecnologia
para se defender e é isso o que
iremos fazer", disse ela.
Lavrov afirmou que a Rússia
tem interesse em fortalecer a
parceria com os EUA em temas
como o uso pacífico de energia
atômica, mas não escondeu que
as divergências vão além do escudo americano. Um dos temas
de desacordo é a definição do
status de Kosovo. Moscou quer
que o território mantenha-se
como uma Província da Sérvia,
país que é um antigo aliado
A Rússia já deu sinais de que
vetará a proposta da ONU de
conceder independência a Kosovo sob supervisão da União
Européia. O que cria mais um
ponto de atrito com Washington. "Kosovo jamais voltará a
ser parte da Sérvia", disse Rice.
"Isso não é possível".
Com agências internacionais
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