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SUCESSÃO NOS EUA / PRESIDENTE EM CAMPANHA
Em discurso em Israel, Bush ataca Obama
Americano compara "quem quer negociar com terroristas", alusão velada ao candidato, a "apaziguadores de nazistas"
Obama reage dizendo que presidente faz uso político do medo e ganha raro apoio da rival; pronunciamento pinta Oriente Médio róseo
SHERYL GAY STOLBERG
DO NEW YORK TIMES, EM JERUSALÉM
O presidente dos EUA, George W. Bush, usou ontem um
discurso ao Parlamento de Israel para criticar "aqueles que
negociariam com terroristas e
radicais" -comentário amplamente visto como uma reprovação ao pré-candidato presidencial democrata Barack Obama, que já defendeu conversas
com o Irã e a Síria.
Bush não citou Obama, e a
Casa Branca negou que as declarações tivessem o senador
como alvo. Mas, no discurso, o
presidente equiparou o diálogo
com extremistas a tentar apaziguar Hitler e os nazistas.
"Há quem pareça pensar que
deveríamos negociar com terroristas e radicais, como se algum argumento fosse capaz de
persuadi-los", disse. "Já ouvimos essa idéia tolamente equivocada antes. Quando os tanques nazistas invadiram a Polônia, em 1939, um senador americano declarou: "Senhor, se eu
tivesse podido falar com Hitler,
tudo isto poderia ter sido evitado". Temos a obrigação de dar a
isto seu nome real: o reconforto
falso da conciliação, algo cujo
valor a história já desmentiu."
Em comunicado distribuído
a jornalistas por seu comitê de
campanha, Obama criticou
Bush por usar o 60º aniversário
de Israel para "lançar um ataque político falso", acrescentando: "George Bush sabe que
nunca defendi o encontro com
terroristas, e seu uso político da
política externa e da política do
medo não ajudam em nada a
dar segurança à população
americana ou ao nosso valente
aliado Israel".
Em cena rara durante a disputada pré-campanha democrata, a rival de Obama, Hillary
Clinton, também saiu em sua
defesa: "A comparação feita pelo presidente Bush de qualquer
democrata com conciliadores
de nazistas é ofensiva e ultrajante, sobretudo à luz de seus
fracassos na política externa".
120º aniversário
O presidente fez as declarações durante um discurso longo no qual pintou um retrato do
Oriente Médio no futuro como
lugar de "tolerância e integração", prometeu manter-se ao
lado de Israel e disse que em algumas décadas os palestinos
"teriam a pátria com que sonham e que merecem".
Mas em vez de falar sobre as
conversações de paz israelo-palestinas -a Casa Branca havia dito que o presidente esperava usar sua passagem por Israel para reforçar as negociações enfraquecidas-, Bush
apresentou o que descreveu como "uma visão ousada" de como pode estar o Oriente Médio
no 120º aniversário de Israel. É
uma visão que guarda pouca semelhança com a situação atual.
Traçando paralelos com a
transformação da Europa e do
Japão após a Segunda Guerra
(1939-45), o discurso focou a vitória da democracia sobre o
terrorismo e previu o surgimento de "sociedades livres e
independentes" na região. "Irã
e Síria", falou, "serão nações
pacíficas para as quais a opressão de hoje não passará de memória distante." A Al Qaeda, o
Hizbollah e o Hamas "serão
derrotados", disse Bush.
"Quando os líderes de toda a
região responderem a suas populações, vão concentrar suas
energias em escolas e empregos, não em ataques de foguetes
e atentados suicidas", afirmou.
O dia de ontem foi o segundo
dos cinco de Bush no Oriente
Médio. Hoje ele chega à Arábia
Saudita e, depois, vai ao Egito.
Segundo a Casa Branca, Bush
deve entrar em maiores detalhes sobre a situação dos palestinos quando se reunir com o
presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, em Sharm el Sheik, no Egito, neste fim de semana.
Tradução de CLARA ALLAIN
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