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Mianmar anuncia vitória de referendo constitucional
Por causa do ciclone, votação foi apenas em parte do país
DA REDAÇÃO
A junta militar que governa
Mianmar (antiga Birmânia)
anunciou que sua Constituição
foi aprovada por referendo
ocorrido sábado. Mas nem todos votaram, pois, nas regiões
mais afetadas pelo ciclone Nargis, que atingiu o país no dia 2, a
votação só será no dia 24.
Além de anunciar que as
mortes subiram para 43.318, a
imprensa local, controlada pela
junta, divulgou que 92,4% dos
22 milhões de eleitores aprovaram a nova Carta -o comparecimento foi de 99%. O governo,
que a defende por "abrir caminho para eleições gerais em
2010", diz que o voto nas demais regiões, matematicamente, não altera o resultado.
A Constituição é criticada
por dar 25% dos assentos do
novo Parlamento para os militares, que também controlarão
os principais ministérios. Ela
prevê que, em caso de estado de
emergência, o poder fique com
o Exército. Os militares governam Mianmar desde 1962, e
não há Carta desde 1988.
"Nesse referendo, houve
muita fraude", acusou Nyan
Win, porta-voz da oposicionista Liga Nacional para Democracia. Segundo ele, autoridades e fiscais das zonas eleitorais
marcaram "sim" nas cédulas.
Os soldados chegaram a tirar
cerca de 60 pessoas de um centro de refugiados para usá-lo
como colégio eleitoral. "As pessoas estão morrendo, e eles estão falando do referendo?",
contestou Kyaw Muang, dono
de um mercado em Yangun.
"Não se importam com quem
morre, você acha que se importam com a democracia para os
vivos?"
A ONU organizará, na Ásia,
uma reunião emergencial sobre a crise humanitária em
Mianmar, que recusa a entrada
de estrangeiros para ajudar na
distribuição dos suprimentos.
Ontem, os militares cederam
um pouco, emitindo 160 vistos
para pessoas de Índia, China,
Bangladesh e Tailândia, mas
invocaram sua "independência" para gerenciar a operação.
Com agências internacionais
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