São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2008

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Mianmar anuncia vitória de referendo constitucional

Por causa do ciclone, votação foi apenas em parte do país

DA REDAÇÃO

A junta militar que governa Mianmar (antiga Birmânia) anunciou que sua Constituição foi aprovada por referendo ocorrido sábado. Mas nem todos votaram, pois, nas regiões mais afetadas pelo ciclone Nargis, que atingiu o país no dia 2, a votação só será no dia 24.
Além de anunciar que as mortes subiram para 43.318, a imprensa local, controlada pela junta, divulgou que 92,4% dos 22 milhões de eleitores aprovaram a nova Carta -o comparecimento foi de 99%. O governo, que a defende por "abrir caminho para eleições gerais em 2010", diz que o voto nas demais regiões, matematicamente, não altera o resultado.
A Constituição é criticada por dar 25% dos assentos do novo Parlamento para os militares, que também controlarão os principais ministérios. Ela prevê que, em caso de estado de emergência, o poder fique com o Exército. Os militares governam Mianmar desde 1962, e não há Carta desde 1988.
"Nesse referendo, houve muita fraude", acusou Nyan Win, porta-voz da oposicionista Liga Nacional para Democracia. Segundo ele, autoridades e fiscais das zonas eleitorais marcaram "sim" nas cédulas.
Os soldados chegaram a tirar cerca de 60 pessoas de um centro de refugiados para usá-lo como colégio eleitoral. "As pessoas estão morrendo, e eles estão falando do referendo?", contestou Kyaw Muang, dono de um mercado em Yangun. "Não se importam com quem morre, você acha que se importam com a democracia para os vivos?"
A ONU organizará, na Ásia, uma reunião emergencial sobre a crise humanitária em Mianmar, que recusa a entrada de estrangeiros para ajudar na distribuição dos suprimentos. Ontem, os militares cederam um pouco, emitindo 160 vistos para pessoas de Índia, China, Bangladesh e Tailândia, mas invocaram sua "independência" para gerenciar a operação.


Com agências internacionais


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