São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2008

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Batalhões de voluntários dão ajuda a vítimas da tragédia

DO ENVIADO ESPECIAL A MIANYANG

As comerciantes Liu Lichun, 30, e Zhao Gui Fen, 34, fecharam a loja que têm no centro da cidade nesta semana e decidiram engrossar o batalhão de voluntários que atua no ginásio onde se abrigam milhares de vítimas do terremoto.
Elas passam o dia cozinhando macarrão instantâneo, sopas e até alguns pratos apimentados, e levam as panelas até o ginásio. Juntas, organizaram uma cooperativa de vizinhas, que não pára de chegar com comida quentinha para os desabrigados que fugiram do frio da montanha.
"Decidimos nos dar uma semana de descanso na loja para trabalhar pesado por quem está sofrendo", dizem à Folha. "Minha casa apenas balançou, sou uma afortunada", diz Liu.
Perto delas, três estudantes de uma escola técnica de eletrônica andam de grupo em grupo de desabrigados, distribuindo garrafinhas de água e conversando com as vítimas.
"Elas precisam falar, de ânimo, estamos aqui para ajudar e dar uma força", conta Chen Sha Sha, 16. Todos os alunos foram dispensados das aulas nesta semana, e eles organizaram uma força-tarefa. "O terremoto é algo horrível, mas estamos aprendendo muito com a tragédia", diz Chen. "É a primeira vez que sou voluntária."
Várias cabines da China Mobile, a maior empresa de telefonia celular do país, permitem ligações gratuitas a todos os desabrigados. É hora de avisar os parentes que estão vivos.
Sem ter muito o que fazer, a maioria dos desabrigados acaba se distraindo com os jornalistas estrangeiros ali presentes. Ao contrário do que acontece em Pequim, voluntários e desabrigados em Sichuan parecem gostar muito da presença da imprensa.
Cada entrevista é acompanhada por mais de cem pessoas. Dezenas de jovens pedem para tirar foto com o repórter da Folha. "Não é todo dia que vemos estrangeiros por aqui", dizem. Os mais jovens pedem para conversar em inglês. "Aprendemos na escola, mas não temos com quem treinar."
Os jovens voluntários tiram fotos com seus celulares. Vestidos com camisas que têm logotipos de universidades americanas e usando tênis que são cópias perfeitas de marcas famosas, eles contrastam com os agricultores recém-chegados das montanhas, que vestem paletós escuros, acima de seu tamanho, e cintos enormes, que dão duas voltas pela cintura.


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