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Batalhões de voluntários dão ajuda a vítimas da tragédia
DO ENVIADO ESPECIAL A MIANYANG
As comerciantes Liu Lichun,
30, e Zhao Gui Fen, 34, fecharam a loja que têm no centro da
cidade nesta semana e decidiram engrossar o batalhão de
voluntários que atua no ginásio
onde se abrigam milhares de vítimas do terremoto.
Elas passam o dia cozinhando macarrão instantâneo, sopas e até alguns pratos apimentados, e levam as panelas até o
ginásio. Juntas, organizaram
uma cooperativa de vizinhas,
que não pára de chegar com comida quentinha para os desabrigados que fugiram do frio da
montanha.
"Decidimos nos dar uma semana de descanso na loja para
trabalhar pesado por quem está
sofrendo", dizem à Folha. "Minha casa apenas balançou, sou
uma afortunada", diz Liu.
Perto delas, três estudantes
de uma escola técnica de eletrônica andam de grupo em
grupo de desabrigados, distribuindo garrafinhas de água e
conversando com as vítimas.
"Elas precisam falar, de ânimo, estamos aqui para ajudar e
dar uma força", conta Chen
Sha Sha, 16. Todos os alunos foram dispensados das aulas nesta semana, e eles organizaram
uma força-tarefa. "O terremoto
é algo horrível, mas estamos
aprendendo muito com a tragédia", diz Chen. "É a primeira
vez que sou voluntária."
Várias cabines da China Mobile, a maior empresa de telefonia celular do país, permitem
ligações gratuitas a todos os desabrigados. É hora de avisar os
parentes que estão vivos.
Sem ter muito o que fazer, a
maioria dos desabrigados acaba se distraindo com os jornalistas estrangeiros ali presentes. Ao contrário do que acontece em Pequim, voluntários e
desabrigados em Sichuan parecem gostar muito da presença
da imprensa.
Cada entrevista é acompanhada por mais de cem pessoas. Dezenas de jovens pedem
para tirar foto com o repórter
da Folha. "Não é todo dia que
vemos estrangeiros por aqui",
dizem. Os mais jovens pedem
para conversar em inglês.
"Aprendemos na escola, mas
não temos com quem treinar."
Os jovens voluntários tiram
fotos com seus celulares. Vestidos com camisas que têm logotipos de universidades americanas e usando tênis que são
cópias perfeitas de marcas famosas, eles contrastam com os
agricultores recém-chegados
das montanhas, que vestem paletós escuros, acima de seu tamanho, e cintos enormes, que
dão duas voltas pela cintura.
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