|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Presidente perde apoio da esquerda, mas ganha na oposição
DO "INDEPENDENT"
Correndo o risco de provocar
o repúdio de seus eleitores de
esquerda, Barack Obama anunciou ontem planos para reativar as comissões militares para
processar os presos de Guantánamo. Como candidato, ele defendeu que os réus fossem julgados em cortes federais ou pela Justiça Militar tradicional.
Desde então, aumentam as
pressões sobre Obama para explicar o que fará com os 241 detentos. O presidente enfrenta
um dilema: precisa repudiar as
políticas de Bush e, ao mesmo
tempo, não comprometer a segurança nacional.
No comunicado de ontem,
Obama reconheceu ter feito
"objeções fortes" à abordagem
de Bush, mas insistiu que comissões militares "são apropriadas para julgar inimigos
que violam as leis da guerra".
A mudança recebeu o apoio
de um republicano moderado
chave, o senador Lindsey Graham. Os progressistas, porém,
apontam com pesar para um
padrão de recuo no instinto inicial de se desfazer das políticas
antiterror de Bush.
Obama fez outra pirueta política perigosa no início da semana, ao buscar obstruir a divulgação de fotos de abusos de
prisioneiros por militares dos
EUA, alegando riscos aos soldados americanos no exterior.
Não vai ajudá-lo o fato de que
ao menos uma das fotos em
questão vazou para a mídia (o
canal de TV australiano SBS).
A Casa Branca de Obama e
mais seus aliados está cada vez
envolvida em controvérsias sobre o que fazer em relação ao
tratamento dado a prisioneiros
na "guerra ao terror" de Bush.
Entretanto, com suas mudanças de posição em relação
às fotos e às comissões militares, Obama pode estar reforçando seu apoio em setores
moderados. Ele tem consciência, por outro lado, de que sua
base de apoio na esquerda liberal sofrerá erosão. Os ataques
lançados por ativistas de defesa
dos direitos humanos na noite
de ontem foram imediatos.
Funcionários do governo insistiram que Obama não inverteu sua posição, já que não excluíra explicitamente a continuidade das comissões militares. Em 2006, votou contra a lei
que criou o modelo atual, mas
apoiou um projeto alternativo,
de republicanos moderados.
Tradução de CLARA ALLAIN
Texto Anterior: Análise: Medida vai acelerar uma solução Próximo Texto: Político, papa atenua tensão com islã Índice
|