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Chavéz ataca "terrorismo" de TV opositora
Presidente venezuelano renova ameaça à Globovisión e diz que continuará expropriações de empresas do setor petroleiro
Governo ocupa fábrica de macarrão; multinacional americana é acusada mais uma vez de burlar a cota
de alimentos tabelados
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
Em batalha com o principal
meio de comunicação opositor
em seu país, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, renovou ontem ameaças ao canal de
notícias Globovisión, acusando-o de "terrorismo midiático".
Em entrevista ao lado da presidente da Argentina, Cristina
Kirchner, com quem se reuniu
ontem em Buenos Aires, Chávez disse que o mundo não deve
estranhar se o Estado venezuelano for "obrigado" a tomar decisões sobre "alguns meios de
comunicação que continuam
exercendo terrorismo".
A Globovisión, terceiro canal
mais visto da Venezuela, é uma
das emissoras que apoiaram a
tentativa frustrada de golpe
contra Chávez em 2002.
Nas últimas semanas, a empresa vem sendo alvo de ofensiva estatal, com ameaça de cassação de licença e multas.
Chávez disse não poder permitir que "meios de comunicação continuem com políticas de
terrorismo midiático, incitando o ódio e a violência", mas negou censura: "Por todo o mundo se diz: "Chávez não permite a
crítica." Passem um dia na Venezuela e vejam os jornais, rádio e TV. Lá a crítica é aberta".
"Que em um canal de televisão apareçam porta-vozes políticos dizendo "Onde estão os
militares desse país, que vistam
as calças", isso se chama terrorismo", afirmou Chávez.
O presidente afirmou que vai
continuar a promover expropriações no setor energético
-só neste mês, já oficializou a
estatização de 60 prestadoras
de serviços da área petroleira.
"Porque estamos decididos a
recuperar a plena soberania petrolífera e energética", afirmou.
Chávez disse estar "recuperando" a PDVSA, estatal petroleira
do país, que antes de seu governo, afirmou, vinha sendo "privatizada por partes".
"A PDVSA tinha que pagar
uma fortuna por serviços prestados com seus próprios ativos,
com trabalhadores terceirizados, com salários mínimos,
muitas vezes abaixo disso. Agora absorve 8.000 trabalhadores
[das terceirizadas]."
Sobre a possibilidade de nacionalizar outros bancos, como
fez com o Banco da Venezuela,
filial do grupo espanhol Santander, disse que "por agora"
não pensa no assunto.
Chávez afirmou ainda que,
na próxima semana, assinará
uma carta de intenções com o
grupo espanhol com as bases
para a nacionalização. Ele não
quis informar quanto pagará
pelo banco, mas disse que o caso "caminhou bem, apesar dos
ruídos", e que o Santander já
planejava vender o banco a um
grupo privado.
Macarronada bolivariana
O governo venezuelano iniciou ontem, durante a viagem
de Chávez, uma "ocupação
temporária", por 90 dias, de
uma fábrica de macarrão da
multinacional americana Cargill, acusada de descumprir a
cota de produção de variedades
com o preço tabelado.
A intervenção se baseia num
decreto presidencial, emitido
em março, que obriga as fábricas de alimentos a produzir
uma cota de até 95% de produtos tabelados. A medida inclui
12 itens, entre os quais arroz,
leite em pó e macarrão, e busca
combater a inflação mais alta
da América Latina (30,9% em
2008) e a escassez nos supermercados dos alimentos submetidos ao tabelamento oficial.
"Das 500 mil toneladas de
macarrão, 80% estão fora do
congelamento. É por isso que
começaremos a verificação, como fizemos com o arroz, para
assegurar à população o acesso
ao macarrão com preço tabelado", disse Carlos Osorio, superintendente de Silos, Armazéns
e Depósitos Agrícolas.
É a segunda ação de Chávez
contra a Cargill neste ano. Em
março, uma fábrica de arroz da
empresa americana foi nacionalizada, também sob a justificativa de burlar o tabelamento.
Com FABIANO MAISONNAVE, de Caracas
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