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Crise econômica nos EUA faz emigração mexicana cair 25%
Desemprego norte-americano desestimula imigrantes, segundo estatísticas
DO "NEW YORK TIMES", EM MEXICALI
(MÉXICO)
Censo recente do governo do
México sugere um extraordinário declínio no número de imigrantes mexicanos que ingressam nos EUA.
Cerca de 226 mil pessoas a
menos emigraram do México
para outros países nos 12 meses
até agosto de 2008, ante o período de 12 meses anterior
-uma queda de 25%. Praticamente toda essa emigração do
México, tanto legal quanto ilegal, se direciona aos EUA.
Até agora, o número de moradores dos EUA nascidos no
México vinha crescendo ano
após ano desde o início da década de 90 -sofreu uma queda
breve apenas no período subsequente ao 11 de Setembro.
Pesquisadores dizem que o
declínio atual -notado também pela redução no número
de detenções na zona de fronteira- deriva principalmente
da crise econômica: os mexicanos estão hesitando em cruzar
a fronteira ante a falta de empregos nos EUA.
"Se houver empregos, as pessoas virão", disse Jeffrey Passel, demógrafo do grupo de pesquisas Pew Hispanic Center.
Ao longo da fronteira, os sinais de queda são sutis, mas
onipresentes. Apenas dois leitos estavam ocupados em um
abrigo em Mexicali que recebe
migrantes esperançosos de
atravessar clandestinamente a
fronteira para os EUA. Do lado
americano, perto de Calexico,
na Califórnia, jipes da Patrulha
de Fronteira têm retornado
sem prisioneiros às suas bases,
depois que os agentes vasculham o deserto em busca de
imigrantes ilegais.
Nas últimas semanas, o surto
da gripe A (H1N1) no México e a
resposta do governo -que fechou escolas e cancelou eventos públicos- praticamente
paralisou os movimentos migratórios na fronteira México-EUA. Mas os demógrafos
acham que o declínio associado
à gripe será temporário.
Ainda assim, restam ao menos 11 milhões de imigrantes
ilegais nos EUA. A despeito do
colapso dos mercados de trabalho na construção civil e outras
profissões de baixa remuneração, não houve um grande êxodo entre os mexicanos já instalados nos Estados Unidos. O
número de emigrantes que retornou ao México no período
do estudo, 450 mil, é semelhante ao do ano anterior.
Para alguns, a queda na imigração ilegal prova que a fiscalização severa na fronteira e nos
locais de trabalho tem surtido
efeito. "Os mais recentes indícios sugerem que é possível reverter o fluxo [de imigrantes]",
disse Steven Camarota, demógrafo no Centro de Estudos da
Imigração, grupo anti-imigração de Washington.
Mas Wayne Cornelius, diretor do Centro de Estudos Comparativos da Imigração, na Universidade da Califórnia em San
Diego, previu que, se o mercado
de trabalho nos EUA se reanimar, as medidas de repressão
na fronteira se provarão muito
menos efetivas.
O centro entrevistou mais de
mil mexicanos; dentre eles, todos os que partiram de Yucatán
determinados a chegar aos
EUA obtiveram sucesso. Os
mexicanos "não estão abrindo
mão da emigração para sempre", disse Cornelius. "Só estão
esperando que a economia nos
EUA melhore."
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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