São Paulo, sábado, 16 de maio de 2009

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Crise econômica nos EUA faz emigração mexicana cair 25%

Desemprego norte-americano desestimula imigrantes, segundo estatísticas

DO "NEW YORK TIMES", EM MEXICALI (MÉXICO)

Censo recente do governo do México sugere um extraordinário declínio no número de imigrantes mexicanos que ingressam nos EUA. Cerca de 226 mil pessoas a menos emigraram do México para outros países nos 12 meses até agosto de 2008, ante o período de 12 meses anterior -uma queda de 25%. Praticamente toda essa emigração do México, tanto legal quanto ilegal, se direciona aos EUA.
Até agora, o número de moradores dos EUA nascidos no México vinha crescendo ano após ano desde o início da década de 90 -sofreu uma queda breve apenas no período subsequente ao 11 de Setembro.
Pesquisadores dizem que o declínio atual -notado também pela redução no número de detenções na zona de fronteira- deriva principalmente da crise econômica: os mexicanos estão hesitando em cruzar a fronteira ante a falta de empregos nos EUA. "Se houver empregos, as pessoas virão", disse Jeffrey Passel, demógrafo do grupo de pesquisas Pew Hispanic Center.
Ao longo da fronteira, os sinais de queda são sutis, mas onipresentes. Apenas dois leitos estavam ocupados em um abrigo em Mexicali que recebe migrantes esperançosos de atravessar clandestinamente a fronteira para os EUA. Do lado americano, perto de Calexico, na Califórnia, jipes da Patrulha de Fronteira têm retornado sem prisioneiros às suas bases, depois que os agentes vasculham o deserto em busca de imigrantes ilegais.
Nas últimas semanas, o surto da gripe A (H1N1) no México e a resposta do governo -que fechou escolas e cancelou eventos públicos- praticamente paralisou os movimentos migratórios na fronteira México-EUA. Mas os demógrafos acham que o declínio associado à gripe será temporário.
Ainda assim, restam ao menos 11 milhões de imigrantes ilegais nos EUA. A despeito do colapso dos mercados de trabalho na construção civil e outras profissões de baixa remuneração, não houve um grande êxodo entre os mexicanos já instalados nos Estados Unidos. O número de emigrantes que retornou ao México no período do estudo, 450 mil, é semelhante ao do ano anterior.
Para alguns, a queda na imigração ilegal prova que a fiscalização severa na fronteira e nos locais de trabalho tem surtido efeito. "Os mais recentes indícios sugerem que é possível reverter o fluxo [de imigrantes]", disse Steven Camarota, demógrafo no Centro de Estudos da Imigração, grupo anti-imigração de Washington. Mas Wayne Cornelius, diretor do Centro de Estudos Comparativos da Imigração, na Universidade da Califórnia em San Diego, previu que, se o mercado de trabalho nos EUA se reanimar, as medidas de repressão na fronteira se provarão muito menos efetivas.
O centro entrevistou mais de mil mexicanos; dentre eles, todos os que partiram de Yucatán determinados a chegar aos EUA obtiveram sucesso. Os mexicanos "não estão abrindo mão da emigração para sempre", disse Cornelius. "Só estão esperando que a economia nos EUA melhore."


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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