São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 2011

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Caso reabre debate sobre papel do Fundo


Prisão do diretor do FMI pode causar problemas na discussão sobre dívida na Europa e sobre sucessão interna


Strauss-Kahn era ator fundamental no resgate a europeus; emergentes pressionam países ricos por mais voz no órgão

Charles Platiau - 16.mar.2010/Reuters
Chefe do FMI, Dominique Strauss-Kahn, e sua mulher, Anne Sinclair, no Senado francês

DE NOVA YORK

A prisão do diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, pode trazer problemas para o papel do Fundo Monetário Internacional não só na discussão sobre a dívida da Europa mas também sobre a continuidade de um europeu no comando da entidade.
Ele estava programado para se encontrar ontem com a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, e hoje e amanhã com os ministros das Finanças dos países que integram a zona do euro.
O encontro seria utilizado para resolver os detalhes do megapacote de ajuda de 78 bilhões a Portugal e para debater a recente piora da crise da dívida na Grécia.
As acusações agora colocam dúvidas sobre o papel do FMI na solução da crise fiscal da Europa, em que Strauss-Kahn era um dos atores mais influentes, com papel fundamental nos resgates a Portugal, Irlanda e Grécia desde o ano passado.
Strauss-Kahn está sendo substituído interinamente por John Lipsky, o número dois do Fundo, que já tinha avisado que deixaria o cargo ao fim do seu mandato, no dia 31 de agosto próximo.

EMERGENTES
A saída dos dois reabre a discussão sobre o papel dos emergentes no Fundo. Historicamente, o comando do FMI fica com um europeu, e o número dois é americano.
Com a crise, porém, os europeus perderam força e, a partir de 2012, terão sua cota no Fundo reduzida, perdendo espaço para países como o Brasil, a China e a Índia.
Os emergentes cobram há muito tempo que o diretor-gerente do FMI seja escolhido por mérito e nunca tiveram tanta força como agora, com economias mais fortes que as dos países ricos.
A mais recente crítica ocorreu em uma reunião do G24 (o grupo de emergentes do qual o Brasil faz parte) realizada no mês passado.
Mesmo a crise fiscal na Europa pode ir contra um sucessor da região. Governos têm questionado as condições dadas pelo FMI nos planos de ajuda aos europeus, que não seguiriam a rigidez aplicada aos emergentes.
Entre os possíveis sucessores do francês aparecem Kemal Dervis, ex-ministro turco, e Stanley Fischer, presidente do BC israelense. (AF)


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